quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Educação começa em casa


Foto: Gelsi Image

Responsabilizar a escola e os professores pela péssima educação dos jovens e de adultos é no mínimo uma injustiça muito grande. Tenho frequentemente acompanhado na mídia reclamações dos pais, que entregam os filhos na escola para que sejam educados, na esperança de que os professores façam o milagre de transformá-los. Triste engano, os ensinamentos fundamentais para uma boa educação começa em casa. 

Atualmente existe uma inversão de conceitos, pois os professores nas escolas é que são explorados pelas famílias e pelo estado. Educação e escolarização são coisas diferentes, os pais tem a obrigação de ficarem atentos nas 24 horas do dia pela educação de seus filhos, enquanto na escola, os professores fazem a escolarização para complementar essa educação em apenas quatro horas, com as salas aulas entupidas, cerca de 30 a 50 jovens desajustados e marginalizados pela nossa estrutura social.

Sou, com muita honra, do tempo que os pais tinham a última palavra e não precisavam pedir duas vezes, bastava apenas um olhar e sem usar de violência eu e meus irmãos obedeciam. Sem querer ser saudosista, naqueles tempos as palavras soavam com firmeza e os pais estabeleciam limites. Na escola havia a disciplina de Educação Moral e Cívica, onde os professores ensinavam lições de patriotismo e todos na sala de aula aprendiam a cantar os hinos nacional, rio-grandense e a canção do expedicionário.

Lembranças do militarismo? Não, mas muitas saudades de uma educação de base, daquela que respeita os símbolos fundamentais para uma convivência social harmoniosa. Hoje os pais não estão no controle e quando os filhos estão fora da escola, simplesmente são entregues para a deseducação da televisão com centenas de canais e mil oportunidades de perdição, muito desses levam os jovens a um mundo imaginário e perigoso. Para aumentar a aflição, em nome da inclusão social têm ainda, as conexões alienantes dos dispositivos móveis, mais uma porta aberta para a entrada da cultura marginal dos oportunistas de plantão.

Os resultados negativos já estão sendo observados nos processos seletivos para ingresso no ensino superior ou no mercado de trabalho, milhares ou milhões de jovens com nota zero em redação, vítimas principalmente da desatenção dos pais, dos poderes públicos e da falta de aproximação desses com a escola, o complemento da educação pela escolarização.

Quero acreditar que estas questões sejam pautas permanentes nos encontros, seminários, congressos e outros eventos relativos a valorização e salvação do ensino. A cada eleição, a educação entra na relação de prioridades dos governantes e a décadas o ensino agoniza pela falta de incentivo e segurança nas escolas e, pouco adianta colocá-la como lema de governo, se o maus exemplos vêm do próprio estado e dos representantes do povo.


Marco Medronha      mmedronha@hotmail.com

sábado, 17 de janeiro de 2015

O Tempo

 

Carlos Drummond de Andrade foi um poeta brasileiro (1902 - 1987), também cronista, contista e tradutor. Entre suas obras de maior destaque, Alguma poesia, Sentimento do mundo e A rosa do povo. Porém, quando começa um novo ano, onde as esperanças são renovadas, o texto em que Drummond fala sobre “O Tempo” nos enche de esperanças e fortalece nossa busca constante pela felicidade. Disse o poeta:

"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um individuo genial.

Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar
e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez, com outro número
e outra vontade de acreditar
que daqui para diante tudo vai ser diferente.

Para você, desejo o sonho realizado,
o amor esperado,
a esperança renovada.

Para você, desejo todas as cores desta vida,
todas as alegrias que puder sorrir,
todas as músicas que puder emocionar.

Para você, neste novo ano,
desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
que sua família seja mais unida,
que sua vida seja mais bem vivida.

Gostaria de lhe desejar tantas coisas...
Mas nada seria suficiente...

Então desejo apenas que você tenha muitos desejos,
desejos grandes.

E que eles possam mover você a cada minuto
ao rumo da sua felicidade."


Marco Medronha    mmedronha@hotmail.com

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Perigos da tormenta, temporal ou tempestade


Quando o tempo ficava feio lá fora, minha avó tinha um ritual: Cobria os espelhos, fazia uma cruz de sal, desligava a eletricidade, guardava facas, tesouras e rezava para Santa Bárbara. Nunca discuti ou duvidei dos seus métodos, porque sabia que aquilo era uma forma de proteção a nossa família, uma atitude da experiência. Todos nós, por certo já ouvimos algumas histórias sobre acidentes causados por tormenta, temporal ou tempestade.

Dia desses ouvi no noticiário do rádio o depoimento emocionado de um agricultor, que perdeu toda a sua produção por causa da chuva de granizo, ele se referiu ao termo “tormenta”. Num primeiro momento achei estranho a forma como ele falou do evento, ao investigar descobri que: Tormenta é uma palavra do português, um substantivo que significa tempestade forte; Temporal é relativo ao tempo, grande chuva, tempestade e Tempestade é um estado climático caracterizado por ventos fortes e, muitas vezes, acompanhado por chuvas de granizo, relâmpagos e trovões.

Alguns agricultores são resignados pela ocorrência de perdas nas lavouras, outros fazem o seguro agrícola, pois sabem dos riscos e dos perigos dos fenômenos climáticos. Infelizmente, eles são comuns no campo e não raramente fatais. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os raios principalmente, já causaram a morte de 1321 pessoas no Brasil entre os anos 2000 e 2010. O país é o campeão mundial de descargas elétricas e esse número vem aumentando com os anos, recebendo cerca de 50 milhões de raios por ano.

Tecnicamente, o raio é um fenômeno natural também chamado popularmente de relâmpago. É uma descarga elétrica ou descarga atmosférica que ocorre entre nuvens ou entre a nuvem e a terra. Os raios podem causar destruição atingindo pessoas, residências, danos a eletrodomésticos, transformadores e etc. Eles, os raios, costumam cair no caminho em que encontra menor “resistência” entre a nuvem e a terra. Os pontos altos e pontiagudos favorecem o início da descarga elétrica.

Certamente, o maior dano é a integridade física das pessoas e onde reside nossa grande preocupação. Na próximo espaço do Repórter Rural estarei falando sobre os perigos das descargas elétricas na praia e no campo.

mmedronha@hotmail.com

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Reclame menos


O mundo competitivo em que vivemos, certamente não é para os acomodados, mas também não é para aqueles que reclamam de tudo. Estar ciente do contexto em que estamos inseridos e perceber as desigualdades sociais, parece ser a melhor forma de lidar com as coisas que nos desagradam. Depois faça uma rápida avaliação de suas conquistas materiais e humanas, então vai perceber que reclamar pode ser apenas um hábito para ser corrigido nesse novo ano.

Conheço pessoas que reclamam da claridade, logo quando abrem os olhos pela manhã e se irritam com o barulho da passarada ou com o cantar do galo ao alvorecer. Se a gente pensar que muita gente não pode ver a luz do sol entrando pela janela, por várias limitações e que as aves cantarolando estão saudando um novo dia e nos convidando para viver, talvez você entendamos que tudo na nossa vida tem um propósito divino.

Se ao ir para o trabalho enfrentamos um caminho pesado com pessoas atrasadas, neuróticas e alucinadas, não devemos nos tornar mais uma. Conduza suas pernas ou dirija seu veículo com calma, a pressa e o estresse já abreviou a vida de muitos. Seja educado no trânsito, o xingamento está a um passo do desentendimento e na maioria das vezes você está ofendendo alguém que nem ao menos conhece.

Quando as coisas não saem como desejamos, seguidamente reclamamos da sorte ou que alguém está de perseguição. Na maioria das vezes aquilo que colhemos é fruto do que plantamos todos os dias. Por isso, pra começar dê Bom Dia ao vizinho, ao porteiro, ao padeiro, ao jornaleiro, ao colega de trabalho, ao chefe e a todos que encontrares pelo caminho.

Faça o bem ao próximo mesmo que este esteja distante, assim talvez você entenda que reclamar de tudo pode ser uma forma de desespero. Neste ano novo faça sempre o seu melhor e quando suas expectativas demorarem um pouco para serem atendidas permaneça firme nos seus propósitos, saiba que alguém está vendo e a recompensa virá. Não deixe nunca de agradecer por suas conquistas, até aquelas teoricamente bem pequenas. 


Marco Medronha      mmedronha@hotmail.com

sábado, 20 de dezembro de 2014

Queimadas: perigo eminente no campo


A prática das queimadas está longe de ser uma forma rápida e barata de limpar o solo. Pelo contrário, os resultados são negativos para a agricultura e acarretam danos muito grandes a terra e seus sistemas ecológicos. No período de verão, principalmente em meses de estiagens, a vegetação seca representa um perigo eminente e um produtor desinformado, que pode causar um incêndio ao tentar limpar uma área com fogo. 

As queimadas raramente acontecem por acidentes, na intenção de obter uma boa produção com as sementes plantadas nas cinzas, o agricultor ao atear fogo numa pequena área pode estar começando um incêndio de proporções incontroláveis. Infelizmente esta é uma prática utilizada na agricultura, especialmente pelos pequenos agricultores ao preparar uma nova área para plantio. É importante ressaltar que existe diferença entre queimada e incêndio. Incêndio é uma queimada sem controle. 

Entre os principais objetivos do agricultor ao queimar uma área agrícola estão o controle de pragas, a limpeza do terreno, renovar pastagens e facilitar a colheita facilitando a mão-de-obra familiar. Mas os benefícios são a curto prazo, porque as queimadas prejudicam a biodiversidade, a dinâmica dos ecossistemas, aumentam a erosão do solo, afeta a qualidade do ar e pode trazer danos ao patrimônio público e privado, quando ocorre o fogo descontrolado próximo a rodovias, redes elétricas e entre as divisas das propriedades rurais. 

O lucro rápido obtido após o plantio em uma queimada resulta na degradação do solo, alterando as características físicas, químicas e biológicas do terreno queimado. O resultado é o empobrecimento da terra causado pela eliminação dos microrganismos fundamentais para a fertilização, tecnicamente altera os nutrientes, como o cálcio, enxofre e potássio. Além, de deixar o solo desprotegido com a queima de árvores, arbustos e outros tipos de vegetação.

A natureza responde aos incêndios e as queimadas, porque as práticas com fogo ao solo desestabilizam o ciclo do carbono e o ciclo hidrológico. Quando não existe vegetação, a consequência é a falta de chuva, pois a evapotranspiração das águas do oceano fica prejudicada. Parte dessa água é captada pela vegetação e a outra é absorvida pelo solo, onde tem destino ao lençol freático, mas a queimada deixa o solo ressecado impedindo este processo de infiltração.

Ao evitar as queimadas, o agricultor vai colaborar também com a saúde do planeta, porque uma queimada prejudica todo o conjunto, o ecossistema tão importante para a manutenção da atividade agrícola. Imaginem... se os incêndios continuarem, em pouco tempo, não haverá mais água para apagar tanto fogo e nem mesmo solo fértil para plantar. 

Marco Medronha    mmedronha@hotmail.com

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Saber a procedência


Em tempos de falta de limites para tudo e especialmente o desrespeito com a vida dos seres humanos, o abigeatário aparece como grande vilão quando o assunto é roubo de gado. A figura sinistra se aproveita do escuro da noite, da calmaria do meio rural e da hora de descanso do trabalhador, para praticar o abigeato ou seja, o furto de animais nos campos, pastos e currais. Antigamente o roubo de animais, que sempre existiu, servia para  alimentar as famílias dos próprios ladrões que não tinham como prover comida aos seus, mas atualmente virou um grande negócio que ameaça o patrimônio do produtor rural e a saúde da população.

A falta de segurança nas propriedades rurais e provavelmente a precariedade dos serviços de inspeção sanitária, que deveriam fiscalizar mercados, açougues ou outros estabelecimentos que comercializam carnes, colocam em risco tanto a atividade rural, que está desestimulada, quanto a saúde dos consumidores que adquirem o produto sem saber a procedência. O abigeato se tornou profissional porque tudo favorece o ladrão, nesta cadeia abjeta tem, além do próprio, o receptador, o comerciante e principalmente aqueles consumidores relapsos, que não se preocupam em saber a origem do seu alimento.

Quando não sabemos a procedência, certamente corremos um grande risco de entregar aos nossos familiares, a carne de um animal doente com tuberculose, por exemplo, a doença passa do animal para o homem quando ocorre o consumo da carne mal cozida. Outras formas de transmissão da tuberculose para as pessoas, pode ser pela respiração, através do contato direto ou indireto com animais doentes. A transmissão também pode se dar pela ingestão de água e alimentos contaminados, principalmente o leite.

Quando acontece roubo de gado nas pequenas propriedades, praticamente deixa a família de agricultores sem condições de continuar gerando renda no campo, há muitos casos de êxodo rural registrados pela prática do abigeato, onde os bandidos levam tudo. As quadrilhas fortemente armadas, também atacam as grandes propriedades, os fazendeiros com freqüência contratam seguranças particulares com a finalidade de proteger seu patrimônio. No campo jurídico, a figura do abigeato não está tipificada de forma independente, mas abrangida no conceito de furto do Código Penal, previsto no Art. 155 e seus parágrafos. Isso porque animal, para o legislador, é coisa, no caso, “coisa alheia móvel”.

A grande questão é se os governos terão “bala na agulha” para resolver mais esse problema de segurança pública nacional. As forças estão concentradas em conter a delinquência nas cidades, enquanto que no meio rural o serviço é feito por heróicas patrulhas que se perdem nas divisas e na imensidão dos campos. Enquanto a proteção não chega aqui fora, o jeito é falar muito sobre isso nos meios de comunicação, talvez com informação nossos consumidores descuidados queiram saber mais sobre o valor da procedência, caso contrário serão eles os grandes vilões dessa história.

Marco Medronha      mmedronha@hotmail.com

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A carne ovina


       Quando o assunto é a culinária gaúcha, logo lembramos da tradicional carne de charque para o arroz carreteiro e do churrasco, refeições práticas utilizadas nas fazendas e nas tropeadas pelo Brasil afora. Mas também temos a influência das imigrações italiana, alemã, polonesa, francesa, portuguesa, africanas e demais culturas que fazem parte do nosso estado continente. A carne, como fonte de proteína possui identidade alimentar com os vizinhos uruguaios e argentinos promove a qualidade dos rebanhos ovino e bovino.

     Resgatar receitas do meio rural poderia ser uma tarefa complicada se não fosse gratificante. Com a carne ovina por exemplo, a extensão rural desenvolveu um trabalho pioneiro na região, com estímulo a criação e a publicação de um livro com mais de 300 receitas de “Carne Ovina”. O resgate culinário foi realizado na década de 90, em Pinheiro Machado, pela extensionista rural, Neli Ferreira da Silva. O município tradicional na ovinocultura possui atualmente um rebanho ovino superior a 150 mil cabeças, onde os produtores mantêm a qualidade do manejo nas propriedades rurais.

    Com o rebanho expressivo no município é natural a utilização da carne de ovelha como fonte de alimento. Porém foi necessário quebrar o hábito do churrasco de ovelha e incentivar as famílias na utilização de novas receitas. Recentemente, a Emater/RS-Ascar realizou o 1º Almoço do Cordeiro a Cacimbinhas, trata-se de uma receita de carne ovina feita com ingredientes locais, utilizando vinho e azeitonas, produtos destaques do município. O almoço, carne de cordeiro além de divulgar os diferentes tipos de culturas produzidas na região, também incentivou o turismo no local, mostrando diversificação do preparo da carne de ovelha.

Receita:   
      Para otimizar o preparo da carne ovina, os especialistas dão a dica: Na região do pescoço, há carne para panela, ensopado e linguiça; Na da paleta, há para fritar ou ensopar – as carnes desossadas ou fatiadas prestam-se para o churrasco; Na região do lombo, estão os cortes nobres ou a peça inteira usada para o churrasco; Na anca, encontram-se, também, carnes nobres usadas para churrasco; Na região do pernil estão as peças mais nobres dos cortes de ovino – excelentes pratos são preparados com pernil de cordeiro; Na costela e aba da costela situam-se essas e suas pontas, mais o “vazio” (carne sem osso), tipos muito usados na panela ou em churrasco com a peça inteira.



Marco Medronha     mmedronha@hotmail.com