Foto: Gelsi Image
Responsabilizar a escola e os professores pela péssima educação dos jovens e de adultos é no mínimo uma injustiça muito grande. Tenho frequentemente acompanhado na mídia reclamações dos pais, que entregam os filhos na escola para que sejam educados, na esperança de que os professores façam o milagre de transformá-los. Triste engano, os ensinamentos fundamentais para uma boa educação começa em casa.
Atualmente existe uma inversão de conceitos, pois os professores nas escolas é que são explorados pelas famílias e pelo estado. Educação e escolarização são coisas diferentes, os pais tem a obrigação de ficarem atentos nas 24 horas do dia pela educação de seus filhos, enquanto na escola, os professores fazem a escolarização para complementar essa educação em apenas quatro horas, com as salas aulas entupidas, cerca de 30 a 50 jovens desajustados e marginalizados pela nossa estrutura social.
Sou, com muita honra, do tempo que os pais tinham a última palavra e não precisavam pedir duas vezes, bastava apenas um olhar e sem usar de violência eu e meus irmãos obedeciam. Sem querer ser saudosista, naqueles tempos as palavras soavam com firmeza e os pais estabeleciam limites. Na escola havia a disciplina de Educação Moral e Cívica, onde os professores ensinavam lições de patriotismo e todos na sala de aula aprendiam a cantar os hinos nacional, rio-grandense e a canção do expedicionário.
Lembranças do militarismo? Não, mas muitas saudades de uma educação de base, daquela que respeita os símbolos fundamentais para uma convivência social harmoniosa. Hoje os pais não estão no controle e quando os filhos estão fora da escola, simplesmente são entregues para a deseducação da televisão com centenas de canais e mil oportunidades de perdição, muito desses levam os jovens a um mundo imaginário e perigoso. Para aumentar a aflição, em nome da inclusão social têm ainda, as conexões alienantes dos dispositivos móveis, mais uma porta aberta para a entrada da cultura marginal dos oportunistas de plantão.
Os resultados negativos já estão sendo observados nos processos seletivos para ingresso no ensino superior ou no mercado de trabalho, milhares ou milhões de jovens com nota zero em redação, vítimas principalmente da desatenção dos pais, dos poderes públicos e da falta de aproximação desses com a escola, o complemento da educação pela escolarização.
Quero acreditar que estas questões sejam pautas permanentes nos encontros, seminários, congressos e outros eventos relativos a valorização e salvação do ensino. A cada eleição, a educação entra na relação de prioridades dos governantes e a décadas o ensino agoniza pela falta de incentivo e segurança nas escolas e, pouco adianta colocá-la como lema de governo, se o maus exemplos vêm do próprio estado e dos representantes do povo.
Marco Medronha mmedronha@hotmail.com
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