segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Uma vez pato...


Quem são estes indivíduos carentes em reviver momentos de quando a vida era uma incógnita? Digo que eram um bando de sonhadores, que viviam contrariados com o regime, criaturas aladas forjadas pela disciplina. Em tempos de escassez de recursos, sobrava juventude e muito companheirismo. São patos, uma classe migratória com talentos multiculturais espalhados pelo mundo, lideranças formadas para construir realidades.
Os patos não esquecem suas origens, procuram estar junto em pequenos grupos e, a fim manter os laços de amizades realizam pequenas reuniões com freqüência. Eventualmente, quando a saudade aperta o bando de patos promove encontros é o momento especial para que cada membro do grupo mantenha acesa a chama que o tempo insiste em transformar. No encontro deste mês de novembro (24), em Pelotas, os velhos patos, alguns avós, reviveram o jargão: Uma vez pato, sempre pato!
O pato é o símbolo do Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça, escola que tradicionalmente, formou profissionais das ciências agrárias e da economia doméstica rural teve origem em outubro de 1923, sob a denominação de “Patronato Agrícola do RS”. Atualmente é o Campus Pelotas – Visconde da Graça (CAVG), um dos Campi vinculado ao Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), instituição de Educação Profissional Técnica de Nível Médio e Superior de Graduação e Pós-graduação.
O encontro dos ex-alunos, a maioria egressos no início da década de 70, reuniu profissionais ainda em atuação de várias áreas como: direito, comunicação, agronomia, veterinária, letras e várias outras profissões. Muitos atuam como professores, políticos, empresários ou profissionais liberais. Em comum a convivência escolar no regime de internato e rica experiência da escola, realmente, de tempo integral. São pessoas que fazem parte de um bando vencedor. Eles têm rosto, nome e endereço, mas aqui uma só identidade: Pato.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O porco que encontrou água











Ilustração:
Wilmar Marques






Em tempos difíceis de estiagens, as pessoas se dão conta que é preciso reservar, economizar, fazer uso racional dos recursos hídricos. Nós conhecemos a velha máxima e, por vezes sempre atual: “Se dá valor a um bem quando não se tem”. Isto acontece com muitas coisas, mas com frequência quando o assunto é o bem mais precioso da natureza, a água.

Contei recentemente a história real do mago da forquilha, personagem conhecido no interior dos municípios, que com uma varinha, quase mágica, encontra água subterrânea para cavar poços. Dia desses conheci o relato de um agricultor de Pedro Osório, ele falou sobre a falta de chuva e as dificuldades que encontrava para irrigar as plantas desidratadas, água boa principalmente para o consumo humano e para os animais de criação.

Quando a situação estava muito ruim, quase insustentável, um dos porcos fugiu do chiqueiro e começou a fuçar a terra desesperadamente. A surpresa do agricultor foi grande quando encontrou o porco fujão banhando-se em uma poça d’água, lameado de barro. Ao contrário que muita gente pensa, o porco não é burro, seu intelecto é comparável ao dos golfinhos, elefantes e primatas superiores, um degrau acima do cachorro.

Pois bem, o porco utiliza sua inteligência natural não só para encontrar água, também na sociabilidade. Na natureza, por exemplo, eles se dividem em pequenos grupos liderados pela fêmea, em que a hierarquia da líder é exercida de forma linear, sem sobreposições de papéis, onde cada indivíduo ocupa um determinado espaço. Muito provavelmente, o porco encontrou água pelo desempenho extraordinário do seu olfato, capaz de farejar predadores cerca de um quilometro de distância e objetos a trinta centímetros de profundidade.

O focinho tipo tomada, que todo mundo acha engraçado, quando toca alguém com o nariz é para manifestar afeto, reconhecer um amigo ou manipular objetos, os porcos adoram brincar. Além do mais, o porco não é porco, ele não gosta de sujeira e, por natureza é muito asseado. Os porcos para aliviar o calor recorrem aos banhos de lama quando não há disponibilidade de água limpa e fresca. A lama também serve para livrá-los de alguns parasitas causadores de doenças.

Então amigos e amigas, o fato do porco encontrar água não é nenhuma surpresa. Afinal, com tantas qualidades do bichano é sensato a gente repensar nossos conceitos sobre os porcos e tudo que falam deles. Talvez, quando alguém falar em “espírito de porco”, teremos que avaliar melhor o sentido.

Marco Medronha   mmedronha@hotmail.com

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O mago da forquilha


                                                                 Ilustração: Wilmar Marques
Quem tem um pé na roça por certo já ouviu histórias ou acompanhou a batalha das famílias rurais para encontrar água subterrânea. Mesmo os que possuem recursos para investir na construção de um poço artesiano (aquífero profundo), precisam saber qual o melhor local para cavar. Lembro claramente de um homem franzino que morava no município de Cristal, seu Alcidinho, era um craque para encontrar água e ordenar a abertura de poços.
Ele usava apenas uma vara em forma de forquilha, com a ponta para cima, enquanto as duas mãos fechadas e invertidas (palmas para fora) seguravam o instrumento como se fosse um “V” invertido. Na medida em que se aproximava do “veio d’água”, a forquilha inclinava-se para baixo, envergando-se e mostrando o lugar certo para cavar. Seu Alcidinho, convicto dizia: - É aqui... Pode cavar o poço.
A água lá de casa foi encontrada por ele, assim como os poços da maioria dos primeiros habitantes (cerca de 300) da Vila Cristal, antes da água encanada. O mago da varinha d’água, por certo é uma dessas personagens rurais dotadas de sensibilidade, do pequeno grupo da radiestesia, termo de origem grega significa “sensibilidade às radiações”. São pessoas têm a capacidade de perceber, inconscientemente, as radiações do ambiente, como as que são produzidas pela água em movimento. “Elas geram impulsos musculares que acabam se refletindo na forquilha", afirma Sérgio Areia, presidente da Associação Brasileira de Radiestesia (Abrad).
Cada tecnologia tem seu tempo e lugar, o talento do seu Alcidinho para encontrar água hoje, certamente não teria muita serventia nos lugares em que existe água potável, encanada e que não é necessário cavar, apenas abrir a torneira. Talvez no interior dos municípios, onde os poços ainda são preciosas fontes de abastecimento de água para beber. Basta saber se o “mago da forquilha” deixou seus discípulos.

Marco Medronha   mmedronha@hotmail.com



sábado, 3 de novembro de 2012

Era uma vez... Um ouriço


Era uma vez um ouriço que voltava de viagem num luxuoso trem Maria Fumaça. E vinha assobiando uma alegre canção. Mas, de repente, nosso herói ouviu uma conversa que o deixou todo arrepiado. Na cabina ao lado, dois cães falavam em explodir o trem com dinamite, assim que chegassem à estação de Pelotas.

Quando o trem parou em frente uma fazenda, para deixar passar uma boiada, os dois cães desceram... - Depressa, antes que nos vejam! Disse um dos cachorros dinamitadores. Mas, do trem, o ouriço observava tudo encontrou uma solução. Começou a gritar a primeira coisa que lhe veio à cabeça para chamar a atenção de todos:
 - Encontrei OURO na linha do trem! OURO!

O coelho veio correndo, o porco também e depois toda a cidade, todos os animais. Mas o ouro era falso, pedras amarelas de uma velha mina abandonada. Os animais, em um primeiro momento, ficaram furiosos. Só depois que ficaram sabendo que o ouriço havia salvado a todos de uma grande explosão. Quando os animaizinhos souberam da verdade correram para abraçar o herói. E assim, todos receberam o castigo pela ganância, pois ao abraçar um ouriço não é coisa muito agradável.

Caros leitores e leitoras... Este foi o primeiro livro que li, da Coleção Era Uma Vez, presente da minha querida professora, Marli Almeida Villela. A história infantil são fragmentos da minha inserção no mundo da leitura. No livro comecei a formar minhas primeiras imagens através da imaginação das personagens e das situações de improviso e senso que a vida oferece. Entre estas, o dualismo sociais do herói/bandido, a mentira/malandragem, a ganância/punição.

O livro é transformador e uma fonte de conhecimentos para tudo, desde os infantis até os mais complexos, ele proporciona momentos de prazer, suspense, romantismo e tantas outras sensações possíveis de mexer com a gente. Estamos precisando exercitar nossos neurônios. A Feira do Livro é uma ótima oportunidade de buscar a própria mudança e proporcionar que outras pessoas mudem.

Só não quero contar aqui esta história: Era uma vez... Um menino internauta que não conheceu o livro.


Marco Medronha      mmedronha@hotmail.com