quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Os professores do bem



Nos caminhos da vida, todos nós tivemos professores. Quero destacar aqui os que foram importantes para nossa formação e decisivos na aprendizagem, nossos ídolos, os educadores ou educadoras do bem. Devo admitir que, na linha do tempo, não foram raros os professores da maldade, mas eles ficaram na fumaça do passado, pois um dos ensinamentos aprendemos, o bem, assim como o amor, sempre deve prevalecer. 

Para a grande maioria das pessoas, os professores pioneiros foram os pais, referências quando guiaram nossos primeiros passos, nos deram alimento, ajudaram na aquisição da linguagem, construíram demonstrações de carinho, mostraram os perigos da convivência social, estiveram ao lado como companheiros e amigos. Para alguns de nós, os pais foram os tios, avós, parentes próximos ou até mesmo desconhecidos apenas no início, eles poderiam ser dois ou apenas uma pessoa que se doa com amor incondicional.

Quando começamos a frequentar a escola formal surgem outras pessoas importantes. As “tias” e os “tios” do pré, o encanto pelos professores do ensino fundamental, a contestação injusta aos educadores do ensino médio (na adolescência), a aposta nos professores do ensino superior e da pós-graduação. O certo é que, em todas estas fases ou em pelo menos uma delas, tivemos professores ou professoras do bem, aqueles inesquecíveis, porque foram balizadores na formação do nosso caráter.

No dia do professor, 15 de outubro, desejo homenagear os mestres do bem. Figuras ilustres que figuram como heróis da minha existência e eles não foram poucos. Eu te convido a fazer uma reflexão e buscar no túnel do tempo, educadores que foram fundamentais em tua vida. Quem sabe eu e tu possamos nesta data lembrar, de pelo menos uma pessoa importante em nossa educação e, num ato de gratidão escolher um meio de enviar uma mensagem ao querido professor ou professora do bem.

Marco Medronha   mmedronha@hotmail.com

sábado, 3 de outubro de 2015

Persistir e perseverar


Durante a vida algumas palavras me acompanham e soam nos meus ouvidos. Persistir e perseverar são duas delas que escutei de pais, avós, padrinhos, professores, pessoas do bem e, principalmente, vencedores. Gente que conseguiu algum tipo de realização seja profissional, material ou espiritual. São termos que parecem a mesma coisa, mas descobri que são diferentes e podem ser complementares.

Os significados das palavras vão muito além dos dicionários. No Aurélio, a ação ou o efeito de persistir define a persistência. Quem é persistente tende a fazer várias tentativas, da mesma forma, sem mudar o jeito. Provavelmente, o problema da maioria das pessoas desistirem dos seus sonhos, seja a repetição continua de uma mesma ação sem encontrar os resultados desejados. Einstein já dizia: “Não há maior demonstração de insanidade do que fazer a mesma coisa, da mesma forma, dia após dia, e esperar resultados diferentes”.

O perseverante tende a ter mais criatividade e flexibilidade, pois tem a visão de um estrategista. Perseverar é identificar as várias possibilidades para chegar a um objetivo. Para ele, o foco é fundamental e saber escolher a forma mais coerente para persistir é uma qualidade. Com um leque de alternativas disponíveis, os perseverantes possuem jogadas diferentes para furar os bloqueios. Assim é no esporte, os técnicos de futebol ensaiam jogadas para fazer o gol. 

Mas os persistentes e perseverantes têm algo em comum: a busca por um objetivo. As duas qualidades juntas são imbatíveis, um tenta várias vezes até atingir o resultado, o outro aprende com os erros e tenta fazer diferente. Isso fica claro no livro Nunca deixe de tentar, do ex-jogador de basquete americano Michael Jordan. Ele diz que você pode treinar todos os dias, por oito horas, uma jogada de arremesso, mas se estiver usando a técnica errada vai se tornar apenas um bom arremessador.

No entanto, os perseverantes não possuem supremacia absoluta sobre os persistentes, eles se equivalem. A lógica indica que as pessoas mais vividas, com mais experiências acumuladas tendem a ser mais persistentes, pois já conviveram com os obstáculos e podem auxiliar os mais jovens no caminho da perseverança.


Marco Medronha    mmedronha@hotmail.com

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

OS GAÚCHOS E A REVOLUÇÃO FARROUPILHA Peleias no extremo sul do Brasil


Os gaúchos durante a Semana Farroupilha comemoram um dos mais significativos movimentos de revoltas civis do Brasil, lutas que envolveram vários segmentos sociais. Basicamente, relembram a Guerra dos Farrapos contra o Império, de 1835 a 1845. A data de 20 de setembro foi escolhida como marco inicial da revolução, dia em que homens armados, comandados por Gomes Jardim e Onofre Pires entraram em Porto Alegre.

Na nova capital instalada em Piratini foi então proclamada, a República Rio-Grandense. O movimento revolucionário teve como bandeira os ideais liberais, federalistas e republicanos. É nesta época do ano, mês de setembro, que os sentimentos afloram e nos vários municípios do Estado, principalmente onde aconteceram batalhas e fatos marcantes da revolução, homens e mulheres demonstram orgulho de um povo aguerrido.

Além da primeira Capital Farroupilha, importantes batalhas se deram nos municípios do extremo sul do Brasil: Segundo registros históricos do próprio Museu Histórico Farroupilha, em Piratini, a Batalha de Arroio Grande ocorreu a 26 de novembro de 1844, em local próximo ao Arroio Chasqueiro, no então distrito de Arroio Grande que fazia parte de Pinheiro Machado.

Teixeira Nunes e os Lanceiros Negros remanescentes da Batalha dos Porongos foram enviados por David Canabarro para uma ação na retaguarda inimiga. Resultou no massacre do Corpo de Lanceiros Negros de Teixeira Nunes, que estavam acampados na curva do arroio Porongos, no atual município de Pinheiro Machado quando foram atacados pelos imperiais. Em Porongos foi o último confronto da Revolução Farroupilha.

Em Candiota, cruzando o arroio Seival, deu-se outro embate nos campos dos Menezes. A Batalha do Seival teve como objetivo de derrubar o presidente da província, apenas, os revoltosos gaúchos enfrentaram as tropas imperiais. Destacado por Bento Gonçalves, o coronel Neto deslocou-se, no início de setembro de 1836, à região de Bagé, onde encontrava-se o comandante imperial João da Silva Tavares, vindo do Uruguai. A primeira brigada de Neto, com 400 homens, atravessou o arroio Seival e encontrou as tropas de Silva Tavares sobre uma coxilha, com 560 homens. A batalha foi o conflito militar que ensejou a proclamação da República Rio-Grandense por Antônio de Sousa Neto.

As grandes batalhas do passado que aconteceram na região, até hoje inspiram os gaúchos do sul do Brasil. O exemplo de coragem dos Farrapos, parece impregnado nos habitantes, pois apesar das dificuldades enfrentadas em todos os setores, nada está perdido, muito pelo contrário, da perseverança vem a recompensa e a peleia tem que continuar.

Marco Medronha     mmedronha@hotmail.com


sábado, 12 de setembro de 2015

O Rural que abraça uma cidade



Porto Alegre é um município brasileiro e a capital do estado mais meridional do Brasil, o Rio Grande do Sul. A natureza foi generosa com a capital dos gaúchos pintando no mapa ricas paisagens: a planície, onde se espalha a cidade e a vida urbana, o Lago Guaíba, que presenteia a população e seus visitantes com um magnífico por do sol.

Do outro lado uma cadeia de morros moldura a cidade, É também caminho para quem deseja, logo ali, muito perto da área urbana, conhecer a tranquilidade do meio rural, um patrimônio ambiental e cultural do município.

Na vocação agrícola das pequenas propriedades rurais predomina diversificação de culturas. A segurança e soberania alimentar das famílias é garantida pela produção de 32 tipos de hortaliças e 28 tipos de frutas.

A variada produção agrícola do meio rural sustenta a maior feira agroecológica da América Latina, em funcionamento aos sábados na Praça da Redenção. Porto Alegre também é sede da RAMA - Associação dos Produtores da Rede Agroecológica Metropolitana, que é uma Certificadora Participativa de Produtos Orgânicos.

A Zona Rural de Porto Alegre, rica e diversa também protege a cidade dos desastres naturais. A vegetação existente diminui os índices de calor e ajuda na manutenção da umidade do ar, bem como na absorção dos gases, como o dióxido de carbono, emitido pela queima de combustíveis dos veículos.

A gente do meio rural recebe os convidados com afeto e hospitalidade, qualidades inerentes ao homem rural do sul. Os Caminhos Rurais de Porto Alegre oferecem muitas opções de lazer ao ar livre, cavalgadas, trilhas, festas populares e comemorações pela boa colheita.

É preciso manter esta paisagem rural. Fauna e flora, cultivos e criações, agricultores, pescadores e indígenas. Gente que convive em harmonia num território peculiar, formando um mosaico raro que encanta moradores e visitantes. 
Porto Alegre tem um meio rural que abraça a cidade.

Marco Medronha     mmedronha@hotmail.com





terça-feira, 8 de setembro de 2015

Quando a cidade enxerga o campo


Muito mais preocupado com as metas e os resultados a serem alcançados, os habitantes da cidade vivem em busca da produtividade, do lucro e do consumismo. Dia e noite fixados no trabalho perdem com frequência o foco e deixam a vida passar, não percebem que os filhos cresceram sem saber quase nada sobre o universo rural, até mesmo porque eles mesmos desconhecem. Quando chega o período de exposições, principalmente a Expointer, alguns pais urbanos levam os filhos para um passeio na feira, neste dia muitos ficam sabendo que o leite tomado diariamente vem da vaca e não da “caixinha do supermercado”.

É quando a cidade enxerga o campo, ou melhor, do jeito que a mídia vende o rural. Sem querer generalizar, as notícias mais impactantes são os campeões ou as campeãs, a vaca que mais produz leite, o touro mais pesado e valioso, a raças de ovelhas de melhor aptidão, o vencedor do freio de ouro, o faturamento na venda de máquinas dos animais. Reportagens mostram a vida de peão na feira e não nas propriedades, a estética dos bichos ao ingressar na pista, o maior e o menor animal da feira, o modo de vestir dos homens e mulheres “na feira”, uma ou outra novidade de funcionamento da exposição ou de programas governamentais.

Segundo histórico da Expointer, a tradição do Estado em feiras agropecuárias vem desde 1901, quando em pavilhões fechados no Campo da Redenção, hoje área do Parque Farroupilha e do campus central da UFRGS, em Porto Alegre, ocorreu a primeira Exposição de Produtos do Estado. Em 1972, já em Esteio, foi realizada a primeira Exposição Internacional de Animais, a Expointer, com a presença dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Paraná. Países como Canadá, Holanda, França, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Áustria, Suécia, Dinamarca, Bélgica, Uruguai, Argentina e Chile também estavam presentes.

Nos últimos anos na feira, o público de frequentadores pagantes chegou perto de 500 mil, foram arrecadados quase 12 milhões na venda de animais, o setor de máquinas faturou mais de 830 milhões e a agricultura familiar superou 1 milhão em vendas. Estes, embora sejam dignos representantes do campo, não ocupam muito espaço nas divulgações da feira. Sem falar no artesanato rural, nos outros animais e na mostra de serviços essenciais ao meio rural.

Mesmo com números fantásticos e quebra de recordes ano após ano e a visibilidade na mídia, eu chego à conclusão que a cidade ainda não enxerga o campo. Os agropecuaristas persistentes que trabalham sem serem vistos ou aqueles competitivos, que mesmo não ganhando nada estão lá, participando, também estão invisíveis. Para as pessoas da cidade que desejam enxergar o campo, sugiro que façam um roteiro turístico no meio rural aí do seu município. Provavelmente, muitos que trabalham na roça não serão vistos pela falta de inclusão social, mas se quiserem uma referência grandiosa, então visitem a Expointer.



Marco Medronha    mmedronha@hotmail.com

domingo, 23 de agosto de 2015

A superação pelo cooperativismo


Foto: Letícia Schinestck


Antiga Vila independente de Santa Isabel dos Canudos, hoje Distrito de Santa Isabel, em Arroio Grande teve, em 1790, ano de sua fundação, um passado promissor. A localidade, que recebeu a visita do imperador D. Pedro II, tinha no charque sua principal economia, graças à localização privilegiada nas margens do canal São Gonçalo e pela proximidade da Lagoa Mirim.

A população de Santa Isabel tem cerca de 900 habitantes, com 120 pescadores cadastrados. Durante sua história passou por momentos difíceis de enfrentamento as enchentes, desativação da balsa que liga Arroio Grande ao município de Rio Grande e até mesmo pela escassez do pescado. Muitos moradores da localidade atribuem a falta de crescimento da localidade, a maldição do padre que morreu apedrejado há mais de 100 anos.

A tragédia que havia caído no esquecimento dos moradores, voltou à tona durante a reforma da igreja. Na ocasião foi encontrado em um caixão, restos mortais e alguns objetos, entre eles uma batina e um crucifixo.  O motivo místico que assombrou a população no passado e levou muitas pessoas, principalmente jovens, a abandonarem o lugar ressurgiu e intrigou a todos.

Mas a gente de Santa Isabel não se entregou ao destino e apostou na força do cooperativismo, justamente ao apostar na principal vocação de seus moradores, a pesca. A motivação da comunidade para virar o jogo foi o ponto de partida para buscar o apoio de várias instituições do âmbito municipal, estadual e federal. Governos e pessoas uniram-se aos pescadores e fundaram a Coopesi – Cooperativa de Pescadores de Santa Isabel.

Os recursos do projeto cooperativo possibilitaram ainda outras melhorias na comunidade, entre elas a água potável, a fábrica de gelo, reformas em prédios e praças e movimento no comércio. Enquanto os pescadores estão na lagoa, em busca dos peixes de água doce, as mulheres trabalham na cooperativa e aproveitam a traíra, o peixe preferido, na sua forma integral. Na Coopesi, elas preparam o filé, tirinhas, bolinhos e a grande novidade: a bochechinha de traíra, vendida para o Projeto de Alimentação Escolar no município de Arroio Grande.

Sair em busca do pescado para sustentar a família está deixando de ser uma incerteza. Quem visita Santa Isabel percebe otimismo de quem trabalha, enquanto as crianças alheias aos fantasmas do passado, frequentam a escola e brincam nas praças aproveitando as melhorias na comunidade.

Quanto a comercialização... Tudo vai bem, a Coopesi recebe assistência do município e do estado em gestão cooperativa, o pescado já tem mercado em outros municípios. Neste ano, a exemplo do ano passado quando comercializou tudo, os pescadores cooperativados ganharam espaço inclusive na Expointer, a maior feira agropecuária da América Latina.

Marco Medronha  mmedronha@hotmail.com

domingo, 16 de agosto de 2015

Associação do conhecimento


Exemplos de associações com pessoas que se agrupam para superar desafios são comuns e conhecidas como práticas antigas no mundo social, embora cada nova forma associativa tenha suas peculiaridades e venha soar como novidade para os indivíduos de um grupo. A associação é uma estratégia de fortalecimento das minorias para enfrentamento das desigualdades, inclusive entre os outros animais.

De uma maneira geral, a associação é qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas ou outras sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando superar dificuldades e gerar benefícios para os seus associados. É também caracterizada como uma forma jurídica de legalizar a união dos sócios para conseguir recursos na aquisição de bens e serviços que possam trazer a melhoria da qualidade de vida e o bem estar coletivo.

No meio rural as associações permitem a inclusão social de muitas famílias no mercado e através delas a possibilidade de comercialização de suas produções. Conheci na localidade de Alto Bonito, uma associação que possuía algo diferente: A associação do conhecimento. Os produtores rurais desta região possuem em comum a pecuária familiar e através da associação compram insumos e vendem o gado. Mas afinal, onde está a diferença? Está no processo de criação dos animais em uma área biodiversa, onde técnicos e produtores manejam o gado com base na observação dos fatores naturais da flora, fauna e clima.

No trabalho da Associação dos Produtores do Alto Bonito, não existe hierarquia de conhecimentos dos facilitadores do processo, pesquisadores da Embrapa ou dos extensionistas da Emater/RS, sobre os agricultores. Existe uma união de conhecimentos históricos adquiridos pela comunidade com as ciências agrárias a serviço do respeito à biodiversidade de cada local. Os agricultores passam a conhecer melhor a sua área e realizam o manejo com o gado respeitando cada especificidade, ao mesmo tempo que compartilham com os demais associados e técnicos.

Os resultados são consistentes e ajudaram manter a integridade do Alto Bonito, entre eles: A preservação os recursos naturais da região; A auto capacitação dos agricultores familiares; A democratização do conhecimento; O fortalecimento da comunidade; A melhoria da qualidade de vida dos associados através da compra conjunta de insumos e comercialização da pecuária.

Alto Bonito pertence ao município de Pinheiro Machado e faz parte da chamada Serra do Sudeste, diversa em formações vegetais devido, especialmente, à sua variação geológica. Destacam-se afloramentos rochosos, considerados de extrema prioridade para a conservação.

Marco Medronha     mmedronha@hotmail.com