sexta-feira, 17 de maio de 2013

A tecnologia para o bem


  
Desde o início da humanidade a tecnologia é a ferramenta encontrada para facilitar e melhorar a vida das pessoas. Mesmo na pré-história, o homem já  procurava criar formas de sobrevivência, utilizando materiais líticos para confecção de armas de caça ou outros utensílios de pedra, material mais trabalhado no início pelo homem primitivo. O tempo da “pedra lascada” tornou-se um símbolo do atraso ou de algo ultrapassado na modernidade, mas na verdade, a tecnologia tem seu valor em cada período histórico, haja vista a invenção da roda, considerada por muitos como a maior inovação de todos os tempos.

Conceitualmente e de forma geral a tecnologia é o encontro entre a ciência e a engenharia. O termo inclui desde processos simples, como escolher a época mais indicada para colheita dos frutos ou momento adequado para o corte da madeira,  até outros mais complexos como o funcionamento de uma estação meteorológica ou mesmo de um centro espacial. Qualquer que seja a solução encontrada, todas são alternativas para resolver algum tipo de problema. Porém existem aqueles que utilizam as invenções do bem para fazer o mal, ignorando totalmente a finalidade para a qual estas foram criadas.

No que se refere as tecnologias para o meio rural, vem em minha lembrança, de imediato,  as pesquisas da Embrapa. Uma empresa genuinamente brasileira que está completando 50 anos com efetivas contribuições, em todas as áreas do cenário agropecuário. Os pesquisadores geram, em sua essência  a tecnologia do bem, pois são conhecimentos, métodos, técnicas, materiais, ferramentas e processos utilizados para resolver problemas e auxiliar na solução dos principais  dificuldades enfrentadas pela população rural.

As tecnologias geradas pela pesquisa agropecuária possuem reflexos diretos na vida da família rural e mesmo que não percebamos, muito da qualidade dos produtos que consumimos diariamente tem o trabalho intrínseco dos pesquisadores da Embrapa. 

Os recursos utilizados pelos agricultores podem representar muito mais do que um mero auxílio na solução dos problemas, mas uma grande oportunidade de geração de renda e melhoria da qualidade de vida. Fato que atinge na plenitude o objetivo da tecnologia e o seu compromisso com a sociedade: As tecnologias podem trazer benefícios para as pessoas da invenção da roda até a inovação dos aparelhos eletrônicos, desde que contribuam para melhorar as potencialidades dos seres humanos.

Marco Medronha      mmedronha@hotmail.com

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Tributo merecido



O tributo feito ao padre Caponi, da Colônia Maciel foi um dos raros momentos, em que pude presenciar, o exemplo de integração entre um benfeitor e sua comunidade. Foi numa tarde ensolarada do dia 19 de abril, de 2013, que o padre Armindo Luis Caponi, na Colônia Maciel recebeu o Prêmio Betinho – Atitude cidadã. O “padre Caponi”, como é conhecido na comunidade, representou Pelotas/RS, na quinta edição do prêmio organizado pelo Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida – COEP e Rede de Mobilizadores.

Com a indicação da equipe municipal da Emater/RS, o padre Caponi foi o primeiro ganhador do prêmio nacional, na condição de representante do meio rural, por suas ações em benefício às famílias em situação de vulnerabilidade social. Dentre as ações desenvolvidas, participou da criação da Cooperativa dos Apicultores e Fruticultores da Zona Sul (CAFSUL); prestou serviços de saúde para as famílias da região; colaborou na implantação do Programa Luz para Todos, com o objetivo de acabar com a exclusão elétrica no país. Atualmente desenvolve atividades para a inclusão social de comunidades indígenas e quilombolas; além de estimular a realização de feiras livres, para os agricultores familiares venderem seus produtos livres de agrotóxicos.

Como dizem aqui em Pelotas: “Merece” e, merece muito... Padre Caponi, com seus cabelos brancos, ainda é o benfeitor da Colônia Maciel, com atos e atitudes que não constam na lista de ações que o tornou vencedor, nela estão contidos inúmeros conselhos individuais e comunitários; realizações de batizados e casamentos; organização da comunidade para facilitar o trabalho de pesquisa e extensão rural com os produtores de pêssegos e uvas; mentor da Rádio Comunitária, a segunda emissora no Estado, criada dentro da legalidade e no meio rural.

Nesta sexta-feira, no “Dia do Índio” (19/04), também era o “Dia do Padre Caponi”, lá estavam os indígenas, os quilombolas, os agricultores familiares, os comerciantes, as instituições, todos que fazem parte de uma comunidade. Esta, por sua vez fez questão de retribuir com palavras e melodias de gratidão para aquele que, através do trabalho voluntário ensinou a todos o valor da união e do amor ao próximo.
 “Só a participação cidadã é capaz de mudar o país”. Betinho


Marco Medronha      mmedronha@hotmail.com

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Tributo que ninguém merece



A organização das Nações Unidas deveria fazer uma homenagem ao “povo brasileiro”, um tributo da humanidade “as pessoas de um país que mais que mais pagam impostos no mundo”. Algo que fosse como um prêmio de reconhecimento a capacidade que temos de trabalhar o ano inteiro, de ter descontado na fonte para o imposto de renda e, se o governo ainda não estiver satisfeito, pagar mais uma vez, até alcançar o humilhante taxa de quase 1/3 dos salários ganhos durante o ano..

Podem mandar me prender, mas o que fazem conosco é um roubo descarado ao trabalhador. Nosso povo além de ser lesado, ainda tem que ver na imprensa o Supremo Tribunal Federal condenar por roubo, formação de quadrilha, desvios milionários de dinheiro e outras falcatruas, mas nada acontece... Os condenados pela justiça ainda continuam ocupando altos cargos e dando as cartas. Em nome da democracia e do direito os acusados ainda recorrem das decisões, em estâncias suficientes para perpetuação no poder. Enquanto, os trabalhadores brasileiros não têm saída. São “obrigados” a pagar sob pena de terem sua vida muito complicada.

O tributo que ninguém merece é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. O mais terrível é a bocada do leão, tributo que é a obrigação imposta a pessoas físicas e jurídicas de recolher valores ao Estado. Apropriação do nosso dinheiro é antiga, pois a expressão “Quinto dos Infernos”, no quinto (20%) que os brasileiros pagavam de tributos à Portugal, pela extração das riquezas naturais (pau Brasil, cana de açúcar, ouro e etc). A indignação do povo é mais antiga ainda. Quem não lembra da expressão bíblica “Daí a César o que é de Cesar”, dita por Jesus ao povo Judeu?
A desculpa esfarrapa para a cobrança de impostos é que os tributos são necessários para formar a receita da União, Estados e Municípios. Tudo bem, mas que façam logo a tal “Reforma Tributária”, em nome dela muitos foram eleitos e a dita cuja não sai do papel. Gente... Vamos nos indignar um pouquinho que seja, dêem ao Governo o que é do Governo, não caiam em falsas promessas, falem sobre isso o ano todo e não só no final de abril, cobrem de seus políticos, usem as redes sociais e se for preciso participem de movimentos e saiam às ruas.

Você sabe quanto paga de impostos? Se não sabe tenha uma idéia sobre o que pagamos. Visite o site www.impostometro.com.br, nele ficarás sabendo o que pagamos no período, no dia, por minuto, por segundo e por habitante. Os números são surpreendentes. Por exemplo, com o dinheiro arrecadado com impostos, dá para contratar por ano, até o momento que terminei de escrever este texto (17h do dia 29/04): - 35.354.502 policiais; 42.668.641 professores do ensino fundamental ou ainda 6.185.257 km de rede de esgotos. Somente com esses recursos revertidos teríamos mais segurança, mais educação e melhores condições de saúde. Isto seria no mínimo, o tributo que merecemos.

Marco Medronha     mmedronha@hotmail.com  

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Heróis da resistência



No município de Barra do Quarai, localizado no canto esquerdo alto do mapa do Rio Grande do Sul, onde o Brasil faz fronteira com o Uruguai e Argentina existe um amplo predomínio de grandes propriedades com o cultivo extensivo do arroz e criação de gado. Cercada por latifundiários, a família Araújo, descendente de quilombolas, resiste o cerco e ao tempo criando bovinos e ovinos em uma pequena área inserida no Bioma Pampa. Foi neste contexto que produzimos uma reportagem sobre o projeto RS Biodiversidade, o qual faz parte de uma das políticas do Estado para a proteção e conservação dos recursos naturais. O projeto busca promover a incorporação do tema biodiversidade nas instituições e comunidades envolvidas.
Na localidade de Guterres, conhecemos o pecuarista familiar, Camilo Araújo Filho. Ele a esposa e mais três irmãos com suas famílias, desenvolvem as atividades de pecuária em uma área com 31 hectares utilizada na criação de 23 bovinos, 160 ovinos e 02 eqüinos. A propriedade é quase totalmente aproveitada. São 29 hectares divididos em piquetes sendo manejados no Sistema Voisin, uma tecnologia considerada ecológica por preservar formas de vida que podem sobreviver na pastagem e no solo. Seu Camilo, a cada dois dias troca os animais de piquete e garante que eles estão ganhando peso.
Os princípios do trabalho desenvolvido pelas instituições respeitam a manutenção do modo de fazer local, preservando os costumes das famílias e incentivando a ampliação de espécies características do lugar. Para o extensionista da Emater/RS-Ascar, Claudio Marques Ribeiro, o projeto valoriza o conhecimento dos produtores e busca juntamente com eles, as alternativas dentro das possibilidades existentes. A implantação de plantas nativas da região é outro trabalho feito na propriedade e que tem parceria da Sema. A bióloga, Tatiane Uchoa realiza o plantio de espécies para melhorar o solo e proporcionar sombras para os animais. Como exemplo cita a coronilha e o espinílho.
Na pequena propriedade de atividade tipicamente familiar são visíveis os resultados observados pelos técnicos, entre eles são destacados o padrão de sanidade do rebanho, o real ganho de peso, a sementação do campo, o florescimento de espécies que antes não cresciam, o domínio do ser humano sobre a técnica de manejo, a construção e apropriação do conhecimento entre técnicos, produtores, comunidade e instituições.
A família Araújo, mesmo cercada por grandes propriedades resiste heroicamente na atividade e de quebra ainda mostra aos latifundiários que, os pequenos podem viver com dignidade e seguir as normas de preservação, sem agredir o meio ambiente.

Marco Medronha    mmedronha@hotmail.com



sábado, 20 de abril de 2013

Parábola do Velho Lenhador



A parábola pode ser compreendida como uma narração figurativa, na qual por meio de comparação, o texto nos proporciona entendimento de outras realidades, tanto fantásticas quanto reais. A experiência dos mais velhos, por exemplo, é muitas vezes desvalorizada e revestida com a conotação de algo ultrapassado. Assim como as pausas para o descanso podem ser entendidas como sinais de fraqueza ou cansaço, quando na verdade se configuram em excelentes estratégias para melhorar o desempenho.

A parábola do Velho Lenhador ilustra bem o valor do saber experiente sobre a força física e a importância de estarmos sempre afiando nosso “machado” na fé, na vida pessoal e na profissão que exercemos. Diz a parábola: “Certa vez, um velho lenhador, conhecido por sempre vencer os torneios que participava, foi desafiado por outro lenhador jovem e forte para uma disputa. A competição chamou a atenção de todos os moradores da localidade. Muitos acreditavam que finalmente o velho perderia a condição de campeão dos lenhadores, em função da grande vantagem física do jovem desafiante.

No dia marcado, os dois competidores começaram a disputa, na qual o jovem se entregou com grande energia e convicto de que seria o novo campeão. De tempos em tempos olhava para o velho e, às vezes, percebia que ele estava sentado. Pensou que o adversário estava velho demais para a disputa, e continuou cortando lenha com todo vigor.
Ao final do prazo estipulado para a competição, foram medir a produtividade dos dois lenhadores e pasmem! O velho vencera novamente, por larga margem, aquele jovem e forte lenhador.
Intrigado, o moço questionou o velho: Não entendo, muitas das vezes quando eu olhei para o senhor, durante a competição, notei que estava sentando, descansando, e, no entanto, conseguiu cortar muito mais lenha do que eu, como pode!
- “Todas as vezes que você me via sentado, eu não estava simplesmente parado, descansando. Eu estava amolando meu machado…”.

A lição serve para muitas situações que enfrentamos na vida. Às vezes baixamos a cabeça e nos desgastamos fisicamente sem nos darmos conta que para quase tudo existe uma boa estratégia. Ainda para contribuir deixo aqui um antigo Provérbio Chinês: “Se quiser derrubar uma árvore na metade do tempo, passe o dobro do tempo amolando o machado."


Ilustração: Wilmar Marques
Marco Medronha          mmedronha@hotmail.com

sexta-feira, 12 de abril de 2013

As cobras entre os humanos


Ilustração: Wilmar Marques

Aprendemos desde crianças a temer as cobras. O mito da víbora, serpente ou simplesmente cobra assusta mais do que esclarece. Dia desses lembrei-me de um fato verídico acontecido entre dois agrônomos; um extensionista e outro pesquisador, ambos estabelecidos, contemporâneos de escola e parceiros na vida profissional. O que pesquisava tinha tanto interesse em cobras que resolveu ter uma coleção no pátio de sua casa, a fim de melhor estudá-las.

O tempo passou e num certo dia, o agrônomo extensionista foi visitar o colega pesquisador. Este, o recebeu na varanda que dava para o pátio e pediu que ficasse à vontade, pois iria preparar o chimarrão. Alguns minutos depois, o visitante quase não acreditou quanto viu uma cobra se mexendo em sua direção, ele rapidamente pegou um pedaço de madeira e acertou a cobra na primeira paulada. Quando o anfitrião voltou com o mate encontrou o amigo com a cobra enrolada na ponta da madeira, este a mostrou como um troféu, dizendo: - Olha aqui parceiro! Livrei a ti e tua família de uma picada de cobra. De suposto herói virou vilão na hora, quando o dono da casa disse: - O que tu fez seu monstro! Matou a Filomena... Minha cobrinha de estimação!

Na verdade os humanos são mais perigosos que as cobras. Segundo dados de boletins epidemiológicos, os óbitos no Brasil por picada de cobra são inferiores a 150 vítimas por ano. Ao contrário desta estatística, milhares e milhares de pessoas são assassinadas anualmente no país. Na lógica deveríamos temer muito mais os seres da nossa própria espécie. Bem... O termo “cobra”, também é utilizado para designar alguém muito bom no que faz ou, com mais freqüência, para referir-se a alguém muito traiçoeiro. Pura injustiça com as cobras de verdade, pois elas só atacam e gastam seu veneno quando se sentem ameaçadas com a aproximação de alguém ou quando pisam sobre elas.

Outro dado que muitas pessoas desconhecem sobre algumas espécies peçonhentas é que elas contribuem grandemente para salvar vidas. As cobras possuem propriedades farmacológicas descobertas no seu veneno.  Um exemplo é um anti-hipertensivo isolado do veneno da jararaca, criado na década de 60, ainda amplamente utilizado. Além de outros como a cola para fins cirúrgicos, obtido com o veneno da serpente.

Por isso, antes de sair por aí matando cobras é melhor pensar em conhecer melhor esses importantes animais para a humanidade. Quem sabe mudar os conceitos e pensar em preservar algumas espécies, já ameaçadas de extinção. Porém, não devemos ignorá-las:
- Ao encontrar o animal no seu habitat é recomendado deixá-lo em paz e avise as pessoas que estiverem próximas sobre a localização da cobra.
- Em área urbana deve-se procurar o telefone de órgãos que capturam esses animais (Bombeiros, Centros de Triagem e etc...). Lembre-se que as serpentes são animais importantes nos ecossistemas e é crime matar animais silvestres.
- Quando for picado procure manter a calma e busque socorro o mais rápido possível. O soro antiofídico e o médico em um ambiente hospitalar são as melhores alternativas. Informe-se e leia bastante sobre o assunto, pois existem muitas lendas sobre procedimentos.


Marco Medronha     mmedronha@hotmail.com 

domingo, 7 de abril de 2013

A insensatez do deboche


Nas observações que fazemos do cotidiano, nada é mais rico do que ficar atento ao comportamento dos seres humanos. O modo de ser e de agir das pessoas podem trazer encantamento, surpresas positivas ou, não raramente, desencantos e decepções. Quando se trata da ação, na forma explícita de diminuir o próximo, principalmente os mais humildes, aí chegamos ao desrespeito, à falta de cultura, talvez de sensibilidade e ao deboche.

Algumas vezes fiquei indignado ao ver a simplicidade do homem ou da mulher do campo sendo motivo de chacota e risos, procedimentos impróprios daqueles seres incultos que não sabem enxergar as virtudes do outro. O ato de debochar denota a má conduta, a ausência de regras, o desprezo ao igual e a desconsideração com gente de muito valor. Minha indignação estende-se a todos que sofrem algum tipo de bullying com agressões psicológicas.

A insensatez do deboche, infelizmente, ganha espaço na mídia e arrasta na sua onda, uma legião de debochadores, muito mais preocupados em zombaria do que levar informação aos ouvintes ou telespectadores. Existem emissoras de rádio e TV, que confundem bom humor com a insistente forma de desculturamento ao seu público, em nome do chamam de entretenimento.

Concordo que devemos ter momentos de descontração, na roda de amigos, ver ou ouvir um bom programa de humorístico, curtir o aprendizado dos filhos, netos, tirar uma onda do rival no futebol. Enfim... São tantas as formas que podem nos proporcionar momentos de prazer e alegria sem agredir a dignidade das pessoas. Valorizemos sim a auto-estima, a cultura e o valor de cada cidadão para que tenhamos mais decência e menos deboche.

Marco Medronha      mmedronha@hotmail.com