sexta-feira, 12 de abril de 2013

As cobras entre os humanos


Ilustração: Wilmar Marques

Aprendemos desde crianças a temer as cobras. O mito da víbora, serpente ou simplesmente cobra assusta mais do que esclarece. Dia desses lembrei-me de um fato verídico acontecido entre dois agrônomos; um extensionista e outro pesquisador, ambos estabelecidos, contemporâneos de escola e parceiros na vida profissional. O que pesquisava tinha tanto interesse em cobras que resolveu ter uma coleção no pátio de sua casa, a fim de melhor estudá-las.

O tempo passou e num certo dia, o agrônomo extensionista foi visitar o colega pesquisador. Este, o recebeu na varanda que dava para o pátio e pediu que ficasse à vontade, pois iria preparar o chimarrão. Alguns minutos depois, o visitante quase não acreditou quanto viu uma cobra se mexendo em sua direção, ele rapidamente pegou um pedaço de madeira e acertou a cobra na primeira paulada. Quando o anfitrião voltou com o mate encontrou o amigo com a cobra enrolada na ponta da madeira, este a mostrou como um troféu, dizendo: - Olha aqui parceiro! Livrei a ti e tua família de uma picada de cobra. De suposto herói virou vilão na hora, quando o dono da casa disse: - O que tu fez seu monstro! Matou a Filomena... Minha cobrinha de estimação!

Na verdade os humanos são mais perigosos que as cobras. Segundo dados de boletins epidemiológicos, os óbitos no Brasil por picada de cobra são inferiores a 150 vítimas por ano. Ao contrário desta estatística, milhares e milhares de pessoas são assassinadas anualmente no país. Na lógica deveríamos temer muito mais os seres da nossa própria espécie. Bem... O termo “cobra”, também é utilizado para designar alguém muito bom no que faz ou, com mais freqüência, para referir-se a alguém muito traiçoeiro. Pura injustiça com as cobras de verdade, pois elas só atacam e gastam seu veneno quando se sentem ameaçadas com a aproximação de alguém ou quando pisam sobre elas.

Outro dado que muitas pessoas desconhecem sobre algumas espécies peçonhentas é que elas contribuem grandemente para salvar vidas. As cobras possuem propriedades farmacológicas descobertas no seu veneno.  Um exemplo é um anti-hipertensivo isolado do veneno da jararaca, criado na década de 60, ainda amplamente utilizado. Além de outros como a cola para fins cirúrgicos, obtido com o veneno da serpente.

Por isso, antes de sair por aí matando cobras é melhor pensar em conhecer melhor esses importantes animais para a humanidade. Quem sabe mudar os conceitos e pensar em preservar algumas espécies, já ameaçadas de extinção. Porém, não devemos ignorá-las:
- Ao encontrar o animal no seu habitat é recomendado deixá-lo em paz e avise as pessoas que estiverem próximas sobre a localização da cobra.
- Em área urbana deve-se procurar o telefone de órgãos que capturam esses animais (Bombeiros, Centros de Triagem e etc...). Lembre-se que as serpentes são animais importantes nos ecossistemas e é crime matar animais silvestres.
- Quando for picado procure manter a calma e busque socorro o mais rápido possível. O soro antiofídico e o médico em um ambiente hospitalar são as melhores alternativas. Informe-se e leia bastante sobre o assunto, pois existem muitas lendas sobre procedimentos.


Marco Medronha     mmedronha@hotmail.com 

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