Ilustração: Wilmar Marques
Aprendemos desde crianças a temer as cobras. O mito da
víbora, serpente ou simplesmente cobra assusta mais do que esclarece. Dia
desses lembrei-me de um fato verídico acontecido entre dois agrônomos; um extensionista
e outro pesquisador, ambos estabelecidos, contemporâneos de escola e parceiros
na vida profissional. O que pesquisava tinha tanto interesse em cobras que
resolveu ter uma coleção no pátio de sua casa, a fim de melhor estudá-las.
O tempo passou e num certo dia, o agrônomo extensionista foi
visitar o colega pesquisador. Este, o recebeu na varanda que dava para o pátio
e pediu que ficasse à vontade, pois iria preparar o chimarrão. Alguns minutos
depois, o visitante quase não acreditou quanto viu uma cobra se mexendo em sua
direção, ele rapidamente pegou um pedaço de madeira e acertou a cobra na
primeira paulada. Quando o anfitrião voltou com o mate encontrou o amigo com a
cobra enrolada na ponta da madeira, este a mostrou como um troféu, dizendo: - Olha aqui parceiro! Livrei a ti e tua
família de uma picada de cobra. De suposto herói virou vilão na hora,
quando o dono da casa disse: - O que tu
fez seu monstro! Matou a Filomena... Minha cobrinha de estimação!
Na verdade os humanos são mais perigosos que as cobras. Segundo
dados de boletins epidemiológicos, os óbitos no Brasil por picada de cobra são
inferiores a 150 vítimas por ano. Ao contrário desta estatística, milhares e
milhares de pessoas são assassinadas anualmente no país. Na lógica deveríamos
temer muito mais os seres da nossa própria espécie. Bem... O termo “cobra”,
também é utilizado para designar alguém muito bom no que faz ou, com mais
freqüência, para referir-se a alguém muito traiçoeiro. Pura injustiça com as
cobras de verdade, pois elas só atacam e gastam seu veneno quando se sentem
ameaçadas com a aproximação de alguém ou quando pisam sobre elas.
Outro dado que muitas pessoas desconhecem sobre algumas
espécies peçonhentas é que elas contribuem grandemente para salvar vidas. As
cobras possuem propriedades farmacológicas descobertas no seu veneno. Um exemplo é um anti-hipertensivo isolado do
veneno da jararaca, criado na década de 60, ainda amplamente utilizado. Além de
outros como a cola para fins cirúrgicos, obtido com o veneno da serpente.
Por isso, antes de sair por aí matando cobras é melhor pensar
em conhecer melhor esses importantes animais para a humanidade. Quem sabe mudar
os conceitos e pensar em preservar algumas espécies, já ameaçadas de extinção.
Porém, não devemos ignorá-las:
- Ao encontrar o animal no seu habitat é recomendado deixá-lo
em paz e avise as pessoas que estiverem próximas sobre a localização da cobra.
- Em área urbana deve-se procurar o telefone de órgãos que
capturam esses animais (Bombeiros, Centros de Triagem e etc...). Lembre-se que
as serpentes são animais importantes nos ecossistemas e é crime matar animais
silvestres.
- Quando for picado procure manter a calma e busque socorro o
mais rápido possível. O soro antiofídico e o médico em um ambiente hospitalar
são as melhores alternativas. Informe-se e leia bastante sobre o assunto, pois
existem muitas lendas sobre procedimentos.
Marco Medronha mmedronha@hotmail.com
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