sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Saída de mestre



 Ilustração: Wilmar Marques

O programa Terra Sul, produzido pela parceria Embrapa e Emater/RS, iniciou a veiculação de reportagens para televisão em 1993, utilizando a moderna tecnologia de produção e edição da época, o sistema Super VHS. A equipe era formada por jornalistas, estudantes de comunicação e técnicos do setor agropecuário, das duas instituições. Os procedimentos de trabalho eram semelhantes a qualquer emissora de TV: reuniões de pauta, saídas a campo para produção de matérias, edição de áudio e vídeo, avaliação do produto final, conservação e manutenção de equipamentos.

Alguns problemas que existiam e que provavelmente ocorram hoje, também eram semelhantes aos de qualquer equipe de televisão, eles acontecem principalmente porque somos pessoas e por tanto, falíveis. Certo dia, o jornalista Antônio Heberlê, solicitou ao jovem estagiário cinegrafista que preparasse o equipamento de gravação para viajar ao interior de São Gabriel, a fim de produzir uma reportagem sobre pecuária em uma propriedade rural. O jovem acadêmico feliz com a oportunidade de viajar e produzir sua primeira reportagem como cinegrafista, arrumou animadamente a “maleta” de equipamentos.

Depois de viajar cerca de 400 quilômetros, a equipe chegou à propriedade rural. Enquanto o Heberlê conversava com o produtor, o jovem cinegrafista aprendiz suava frio e não começava a gravação. Foi então que com a voz trêmula disse: - Esqueci de trazer a fita professor. Isso poderia ser um problema para qualquer um, menos para o professor Toninho, o mestre com muita calma pensou... “Onde vou arrumar uma fita para gravar neste mundão de Deus”? Em volta só campo, lavoura, gado no pasto e ao longe a casa do produtor rural. Sem demorar muito ele perguntou ao humilde produtor: - Por acaso o senhor não teria lá nas casas, uma fita? Ele pensou um pouco e falou: - Não senhor... Mas a minha esposa disse que comprou algo para gravar o casamento da nossa filha, no mês que vem. Está lá guardado e eu nem vi direito o pacote.

O Toninho, além de competente tinha sorte, o tal pacote era uma fita VHS, quando ele olhou disse: - Está salva a gravação. Pegou a fita e fez, com arame quente, furos iguais os da fita Super VHS. Assim com a improvisação e graças ao conhecimento superior do jornalista, a reportagem foi produzida com êxito. Ao jovem estagiário ficou a lição de que o check list é fundamental antes de qualquer viagem e que o desespero não leva a lugar algum.

Resumo histórico da fita de vídeo
O advento do vídeotape (fita de vídeo) trouxe para televisão, inúmeras oportunidades de crescimento, a possibilidade de gravar programas para posterior exibição proporcionou fôlego aos programas feitos, até aquele momento, ao vivo. A nova tecnologia de gravação em fita magnética foi realizada, pela primeira vez no Brasil, no programa humorístico de Chico Anísio, em 1960. Mas foi a partir da próxima década que a competição das grandes empresas do setor começou, a Sony inventou o U-Matic, o formato da fita já em cassete, trazia uma bitola de ³/4 de polegada em vez de 2 polegadas.

O sistema U-Matic trouxe agilidade para as gravações externas, principalmente reportagens, no formato anterior eram utilizadas câmeras com filmes 16 mm, os quais deveriam ser revelados e depois montados. Alguns problemas surgiram e o principal foi na edição das reportagens, o procedimento era feito manualmente, a conseqüência: pulos de imagens. Começava aí o desenvolvimento da edição eletrônica para eliminar os cortes, a própria Sony lança em 1975, o Betamax (fita cassete de 0,5 polegadas). Dois anos mais tarde, a também japonesa JVC (Japan Victor Company) lança a grande revolução para uso doméstico: O sistema VHS (Vídeo Home Systen).

A disputa por mais tecnologia continuou. Para melhorar a resolução do material gravado, a Sony desenvolveu o Betacam, sistema vídeo-componente onde os sinais são gravados separadamente. O sistema analógico é encontrado até hoje nas emissoras de televisão do País. Posteriormente, em 1987, a Panasonic e JVC apostaram em um sistema intermediário de vídeo-componente, também conhecido como S-Video. Surgiu então S-VHS (Super VHS), um aperfeiçoamento do formato doméstico VHS.

Mesmo em plena era digital, a passagem do sistema analógico para o digital ainda persiste e por certo teremos muitos registros a fazer.

Marco Medronha        mmedronha@hotmail.com


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