Ilustração: Wilmar Marques
O
programa Terra Sul, produzido pela parceria Embrapa e Emater/RS, iniciou a
veiculação de reportagens para televisão em 1993, utilizando a moderna
tecnologia de produção e edição da época, o sistema Super VHS. A equipe era
formada por jornalistas, estudantes de comunicação e técnicos do setor
agropecuário, das duas instituições. Os procedimentos de trabalho eram
semelhantes a qualquer emissora de TV: reuniões de pauta, saídas a campo para
produção de matérias, edição de áudio e vídeo, avaliação do produto final,
conservação e manutenção de equipamentos.
Alguns
problemas que existiam e que provavelmente ocorram hoje, também eram
semelhantes aos de qualquer equipe de televisão, eles acontecem principalmente
porque somos pessoas e por tanto, falíveis. Certo dia, o jornalista Antônio
Heberlê, solicitou ao jovem estagiário cinegrafista que preparasse o
equipamento de gravação para viajar ao interior de São Gabriel, a fim de
produzir uma reportagem sobre pecuária
em uma propriedade rural. O jovem acadêmico feliz com a oportunidade de viajar
e produzir sua primeira reportagem como cinegrafista, arrumou animadamente a “maleta” de equipamentos.
Depois de
viajar cerca de 400 quilômetros, a equipe chegou à propriedade rural. Enquanto
o Heberlê conversava com o produtor, o jovem cinegrafista aprendiz suava frio e
não começava a gravação. Foi então que com a voz trêmula disse: - Esqueci de trazer a fita professor. Isso
poderia ser um problema para qualquer um, menos para o professor Toninho, o
mestre com muita calma pensou... “Onde
vou arrumar uma fita para gravar neste mundão de Deus”? Em volta só campo,
lavoura, gado no pasto e ao longe a casa do produtor rural. Sem demorar muito
ele perguntou ao humilde produtor: - Por
acaso o senhor não teria lá nas casas, uma fita? Ele pensou um pouco e
falou: - Não senhor... Mas a minha esposa
disse que comprou algo para gravar o casamento da nossa filha, no mês que vem.
Está lá guardado e eu nem vi direito o pacote.
O
Toninho, além de competente tinha sorte, o tal pacote era uma fita VHS, quando
ele olhou disse: - Está salva a gravação.
Pegou a fita e fez, com arame quente, furos iguais os da fita Super VHS. Assim
com a improvisação e graças ao conhecimento superior do jornalista, a
reportagem foi produzida com êxito. Ao jovem estagiário ficou a lição de que o check list é fundamental antes de
qualquer viagem e que o desespero não leva a lugar algum.
Resumo histórico da fita de vídeo
O advento
do vídeotape (fita de vídeo) trouxe para televisão, inúmeras oportunidades de
crescimento, a possibilidade de gravar programas para posterior exibição
proporcionou fôlego aos programas feitos, até aquele momento, ao vivo. A nova
tecnologia de gravação em fita magnética foi realizada, pela primeira vez no Brasil,
no programa humorístico de Chico Anísio, em 1960. Mas foi a partir da próxima
década que a competição das grandes empresas do setor começou, a Sony inventou
o U-Matic, o formato da fita já em cassete, trazia uma bitola de ³/4 de polegada em vez de 2 polegadas.
O sistema
U-Matic trouxe agilidade para as gravações externas, principalmente
reportagens, no formato anterior eram utilizadas câmeras com filmes 16 mm, os
quais deveriam ser revelados e depois montados. Alguns problemas surgiram e o
principal foi na edição das reportagens, o procedimento era feito manualmente,
a conseqüência: pulos de imagens. Começava aí o desenvolvimento da edição
eletrônica para eliminar os cortes, a própria Sony lança em 1975, o Betamax
(fita cassete de 0,5 polegadas). Dois anos mais tarde, a também japonesa JVC
(Japan Victor Company) lança a grande revolução para uso doméstico: O sistema
VHS (Vídeo Home Systen).
A disputa
por mais tecnologia continuou. Para melhorar a resolução do material gravado, a
Sony desenvolveu o Betacam, sistema vídeo-componente onde os sinais são
gravados separadamente. O sistema analógico é encontrado até hoje nas emissoras
de televisão do País. Posteriormente, em 1987, a
Panasonic e JVC apostaram em um sistema intermediário de vídeo-componente, também
conhecido como S-Video. Surgiu então S-VHS (Super VHS), um aperfeiçoamento do
formato doméstico VHS.
Mesmo em
plena era digital, a passagem do sistema analógico para o digital ainda
persiste e por certo teremos muitos registros a fazer.
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