Ilustração: Wilmar Marques
Uma
história acontecida há mais de 10 anos, deu muito falatório e ganhou espaço em
uma pequena comunidade rural, no interior de Morro Redondo. Quando os pequenos
agricultores se reuniam no armazém, na igreja, no futebol, no velório ou nas festas
da comunidade, o comentário era o ataque da “mosca gigante” nos pomares,
principalmente nos de pêssegos. O assunto causou alvoroço e medo entre os
produtores, pois segundo relatos, o moscão era maior que um desses touros da Expointer.
No
meio rural, onde existia cultivo de árvores frutíferas, as famílias preocupadas
com o ataque do bicho colocavam armadilhas, como medidas de prevenção ao
estrago que a “mosca gigante” poderia fazer na produção. Uma verdadeira
operação de guerra contra o moscão foi instalada, eram grandes estacas
ponte-agudas, espantalhos gigantes e até mesmo um pulverizador preparado com
inseticida, a ser aplicado no caso do inseto aparecer. Afinal, as frutas eram
fonte de renda importante na maioria daquelas propriedades.
O
tempo passou e nada da “mosca gigante” aparecer... Ufa! Ainda bem. Comentava a
população do lugarejo. Mas, o pessoal começou a ficar desconfiado e resolveram
tirar a limpo a história do moscão que estava virando lenda. A oportunidade de
esclarecer o fato apareceu durante uma reunião com os técnicos da extensão
rural, pesquisadores e professores universitários. O líder da comunidade
convocou todos os fruticultores para uma reunião no salão da comunidade, certos
de que os técnicos doutores tivessem uma
explicação.
O
evento começou com gente até pelo lado de fora do salão, os técnicos iriam falar
sobre o controle da mosca-das-frutas (Ceratitis
Anastrepha), inseto que ataca os pomares de pêssegos ainda na
floração. A comunidade não tinha luz elétrica, mas os palestrantes prevenidos
levaram um gerador de luz e projetaram na parede imagens de pomares atacados
pelos insetos e algumas características da mosca que causa estragos. A surpresa
aconteceu quando foi projetada na parede branca a imagem (2m X 3m) de uma mosca
e um dos presentes gritou apavorado: - “É ela... A mosca gigante! Eu sabia que
era verdade”.
Na
comunicação com os agricultores muitos fatores devem ser levados em
consideração, em algumas comunidades isoladas, em que as tecnologias da
informação não chegaram, as pessoas podem ter entendimentos diferentes daquilo
que queremos comunicar. A realidade na qual convivem podem levar a uma
compreensão literal do que ouvem ou vêem. A percepção do que falar ou do que
mostrar é tarefa do educador para que não haja ruídos na informação.
Depois
de resolvido o mal entendido da “mosca gigante”, para alívio geral, os
palestrantes mostraram outras forma de combate contra a mosca-das-frutas,
especialmente a isca tóxica. Segundo os técnicos, a arma mais indicada é o
monitoramento da praga, onde é aplicado, em partes do pomar, uma substância à
base de proteína que servirá de atrativo alimentar, como o produto atrai a
mosca, não é preciso fazer a aplicação de agrotóxico em todo o pomar.
Através
das armadilhas, o agricultor observa a necessidade de pulverizações e assim,
controlando a mosca, evita um problema gigante na colheita: Frutos danificados.
Marco
Medronha mmedronha@hotmail.com
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