sábado, 7 de junho de 2014

A linguagem no rural


Recentemente participei de um Colóquio no Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pelotas. No espaço que tive para manifestação aos profissionais da área, corpo docente e alunos do jornalismo defendi a inclusão da disciplina de Comunicação Rural e Meio Ambiente, nos currículos universitários. Entendo que os jornalistas recém formados encontram dificuldades na comunicação com os agricultores, por desconhecerem as características do meio. Uma lástima, pois mais de 90% dos municípios tem na agricultura sua  principal economia .

Enquanto a academia discute a importância do rural na formação dos futuros profissionais coloco aqui algumas idéias, já publicadas. O processo de comunicação humana é universal, o entendimento dos princípios deve ser compreendido por qualquer grupo, independentemente se é urbano ou rural, pois as mensagens devem ser propagadas a todas as pessoas, indistintamente. Por outro lado, a população rural possui hábito de vida diferenciado, seu comportamento gira em torno das atividades agrícolas, essas por sua vez tem características próprias, marcantes e peculiares ao habitat rural.

Diálogos entre técnico e produtor, médico e paciente, professor e aluno, mãe e filha possuem características iguais e ao mesmo tempo diferentes. Os signos são os mesmos, mas a maneira de utilização do idioma para expressar as idéias é diferente. Podemos dizer que a linguagem muda em função do destinatário. Dentro de uma mesma comunicação podem existir diferentes tipos de linguagem, os enunciadores e receptores envolvidos formam um perfil diferenciado a cada interação. De acordo com Wartchow (1999, P. 34), as linguagens se estruturam de formas diferentes “Cada uma tem suas próprias características e de acordo com seu grau de exploração ou aperfeiçoamento maior ou menor, o repertório de signos e as regras de combinação e de uso variam conforme o contexto na qual são inseridas”. As linguagens científicas, no entanto, são menos flexíveis.

A linguagem é um conjunto de signos criados pelos homens para decodificar significados comuns as coisas que queremos comunicar na forma oral ou escrita. Na lingüística, os conceitos tradicionais que estudam a linguagem definem como um sistema de signos vocais arbitrários usados para a comunicação humana (Bordenave, 2000 p.77).

As mensagens escritas dirigidas ao público rural devem levar em conta as características culturais dos leitores encontrados naquele meio. Embora, pela própria contribuição da extensão rural as coisas venham mudando, de maneira geral a população do campo possui pouco hábito de leitura, interpretação literal e concreta, curto período de atenção, falta de familiaridade com o vocabulário técnico-científico. Simplificar o texto escrito ou a fala é sempre a melhor saída para comunicar.


Marco Medronha   mmedronha@hotmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário