Recentemente participei de um Colóquio no Curso de
Jornalismo da Universidade Federal de Pelotas. No espaço que tive para
manifestação aos profissionais da área, corpo docente e alunos do jornalismo
defendi a inclusão da disciplina de Comunicação Rural e Meio Ambiente, nos
currículos universitários. Entendo que os jornalistas recém formados encontram
dificuldades na comunicação com os agricultores, por desconhecerem as
características do meio. Uma lástima, pois mais de 90% dos municípios tem na
agricultura sua principal economia .
Enquanto a academia discute a importância do rural na
formação dos futuros profissionais coloco aqui algumas idéias, já publicadas. O
processo de comunicação humana é universal, o entendimento dos princípios deve
ser compreendido por qualquer grupo, independentemente se é urbano ou rural,
pois as mensagens devem ser propagadas a todas as pessoas, indistintamente. Por
outro lado, a população rural possui hábito de vida diferenciado, seu
comportamento gira em torno das atividades agrícolas, essas por sua vez tem
características próprias, marcantes e peculiares ao habitat rural.
Diálogos entre técnico e produtor, médico e paciente,
professor e aluno, mãe e filha possuem características iguais e ao mesmo tempo
diferentes. Os signos são os mesmos, mas a maneira de utilização do idioma para
expressar as idéias é diferente. Podemos dizer que a linguagem muda em função
do destinatário. Dentro de uma mesma comunicação podem existir diferentes tipos
de linguagem, os enunciadores e receptores envolvidos formam um perfil
diferenciado a cada interação. De acordo com Wartchow (1999, P. 34), as
linguagens se estruturam de formas diferentes “Cada uma tem suas próprias
características e de acordo com seu grau de exploração ou aperfeiçoamento maior
ou menor, o repertório de signos e as regras de combinação e de uso variam
conforme o contexto na qual são inseridas”. As linguagens científicas, no
entanto, são menos flexíveis.
A linguagem é um conjunto de signos criados pelos homens
para decodificar significados comuns as coisas que queremos comunicar na forma
oral ou escrita. Na lingüística, os conceitos tradicionais que estudam a
linguagem definem como um sistema de signos vocais arbitrários usados para a
comunicação humana (Bordenave, 2000 p.77).
As mensagens escritas dirigidas ao público rural devem
levar em conta as características culturais dos leitores encontrados naquele
meio. Embora, pela própria contribuição da extensão rural as coisas venham
mudando, de maneira geral a população do campo possui pouco hábito de leitura,
interpretação literal e concreta, curto período de atenção, falta de
familiaridade com o vocabulário técnico-científico. Simplificar o texto escrito
ou a fala é sempre a melhor saída para comunicar.
Marco Medronha mmedronha@hotmail.com
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