sexta-feira, 6 de julho de 2012

Pelotas: Um pedido dos Anjos

    Catedral São Francisco de Paula, em 1902 
Gurpo Euamo Pelotas. Foto postada por Laila B. Peres
Nas comemorações dos 200 anos de Pelotas, ainda é possível ao caminhar pelas ruas da cidade e encantar-se com a arquitetura grandiosa do casario antigo. Ao parar para contemplar, talvez com um pouco de imaginação, poderemos ouvir os saraus, recitais de música e até mesmo o alarido das companhias teatrais. Segundo conta a história, os doces caseiros eram servidos por mulheres caseiras e suas mucamas nos intervalos de cada espetáculo.
Ao completar dois séculos de existência é impossível passar indiferente ao coração de quem adotou ou foi adotado, o momento pede a busca de raízes e conhecimento das origens de uma cidade que acolhe pessoas com tanto carinho. Os relatos históricos da origem de Pelotas revelam que no dia 7 de julho de 1812, o padre Felício foi ao Rio de Janeiro a mando, da família Antônio dos Anjos, para solicitar às autoridades competentes a criação da nova freguesia, a qual foi chamada São Francisco de Paula.
Certo dia fazendo uma reportagem sobre as charqueadas de Pelotas, conheci o escritor e poeta Mário Osório Magalhães, ela me presenteou com uma de suas obras: Os passeios da cidade antiga. Nesta publicação está a origem das principais ruas e avenidas de Pelotas, assim como um breve histórico de várias personalidades que foram homenageadas e deram seus nomes a nossos endereços. Claro que Antônio dos Anjos foi lembrado, em pelo menos uma rua, assim como o padre Felício.
Quero resgatar aqui um pouco dos pioneiros que são personagens na formação da cidade. Antônio dos Anjos foi charqueador de grandes posses, capitão-mor desde o primitivo distrito Vila do Rio Grande. Foi também o primeiro proprietário dos terrenos que deram origem ao povoado. Batizado como Antônio Francisco dos Anjos, logo que cresceu foi apelidado de “fragatinha”, por ser filho de contramestre de navio.
O padre Felício, talvez tenha nascido na Colônia Sacramento (ou numa outra província de Buenos Aires, ou até mesmo em Rio grande), não se sabe ao certo. Em 1810 viajou ao Rio de Janeiro para criar uma nova unidade Eclesiástica (uma nova freguesia), em um lugar chamado “Pelotas”. Dois anos depois o objetivo foi alcançado, receberia o nome de “São Francisco de Paula”, nome da Catedral, onde possivelmente foi enterrado, quando faleceu em 1819.
Se Antônio dos Anjos e padre Felício foram os mentores, José Pinto Martins, o português, que em 1779, vindo do Ceará, provocou uma verdadeira revolução metade sul do Estado: fundou a primeira fábrica de salgar carnes às margens do arroio Pelotas. Com Pinto Martins veio as charqueadas que deram origem ao desenvolvimento econômico de Pelotas e região.
O gado bovino, que era matéria prima abundante no campo, logo ganhou a companhia do arroz, o município começou a experimentar o potencial econômico da atualidade. Pelotas, como um pedido dos Anjos, se completa com as belezas da Lagoa dos Patos (praia do Laranjal) e outros pontos turísticos da região Colonial onde os visitantes podem encontrar cachoeiras, trilhas ecológicas, antigas construções, culinária típica dos imigrantes italianos, franceses e pomeranos.

Marco Medronha
mmedronha@hotmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário