quinta-feira, 26 de julho de 2012

Sinal de alerta no campo


Foto: Katia Marcon
No dia 28 de julho a classe trabalhadora do meio rural comemora o “Dia do Agricultor”, data que deveria ser muito mais festejada pelos habitantes do meio urbano, pois vêm do campo os produtos que consumimos diariamente. Sabemos que o agricultor é aquele que trabalha a terra para tirar o sustento, cuida das plantações e das criações com a finalidade de produzir alimentos que mantém viva as populações.
Esta pode ser uma definição simplista, mas é extremamente importante que todos saibam quem produz e quem consome, na medida de que o agricultor não deveria nunca mais ser visto como alguém sem valor e por muitas vezes ridicularizado por aqueles, sem noção, que moram na cidade. Ao contrário, o agricultor deveria ser visto e entendido como pessoa muito importante para a sociedade. Talvez mais que o vereador, o prefeito, o deputado, o senador, o governador e quiçá o (a) presidente da república.
Mesmo com todo o noticiário anunciando com freqüência recursos como: programas e projetos, verbas destinadas ao setor, o voluntarioso trabalho da extensão rural e da assistência técnica, o êxodo rural continua de forma galopante. Com o desenvolvimento não sustentável as cidades incham e o meio rural diminui assustadoramente. Segundo dados do senso do IBGE, realizado ainda em 2006, existe no Rio Grande do Sul, 442 mil estabelecimentos rurais e desses quase 120 mil não teriam mais a presença de jovens (14 a 24 anos).
O quê fazer para segurar o jovem no campo diante de tantos apelos da cidade? O certo é que as estratégias utilizadas atualmente não estão dando resultado. Quantos programas lançados, quanto recurso insuficiente, quantos esforços desprendidos em vão para tão pouco efeito. Os mais velhos persistem nas terras e possivelmente estejam utilizando métodos antiquados de sucessão da propriedade.
A sociedade tem que ficar alerta, o sinal vermelho acendeu no rural e este é um problema de todos. O tema deve ser discutido na célula familiar, nos pequenos grupos, na comunidade, ganhar as cidades, o Estado, o País. Não vou incluir a classe política no assunto para não passar a régua e dizer que nada fizeram de efetivo até agora, a final ainda temos a esperança de que existem políticos do bem e que seus projetos são bem intencionados.
Enfim, este é um problema complexo demais para ser tratado apenas aqui na coluna do “repórter rural”, mas deixo meu pedido, quase implorando, que pensem no assunto. Vamos realizar reuniões, seminários, congressos. Precisamos ajudar as famílias rurais que não sabem mais o que fazer para segurar os filhos. Eles saem em busca de uma “vida melhor”, mas todo conforto da cidade, da modernidade e da tecnologia pode existir também no meio rural. Dê sua contribuição em forma de sugestão, isto não custa nada e pode representar muito no conjunto das idéias.

Marco Medronha          mmedronha@hotmail.com




sexta-feira, 13 de julho de 2012

Entrevista dialógica

    
                                                           Imagem: Juliana.oliveira.blog.uol.com.br
A profissão de jornalista nos permite com freqüência realizar, em algumas oportunidades, matérias prazerosas e que nos dão satisfação por trazer à tona informações das quais possam ser de interesse da sociedade. Mesmo que a reportagem trate de um tema amargo, ela pode de certa forma, construir algo novo em quem produz ou em quem recebe a mensagem.
Em uma reportagem de rádio, jornal ou televisão a entrevista é sem dúvida o segmento mais importante, pois é ela que pode trazer o verdadeiro protagonista do assunto a ser desenvolvido. No entanto, o profissional do jornalismo deve estar instrumentalizado com informações sobre o tema, e mais que isto, saber conduzir a conversa de maneira a considerar em primeiro lugar o outro.
A busca deve ser pelo formato de entrevista dialógica, neste caso temos outro componente fundamental: A atenção. Certo dia realizando uma reportagem, no meio rural de Pelotas, entrevistando uma trabalhadora da agricultura familiar, perguntei: - Como é a vida no campo? Ela respondeu: - Aqui eu sou muito feliz... Prefiro viver mais na cidade, do quê no campo. A entrevista continuou e eu não prestei a atenção que devia a resposta da entrevistada. Minha sorte foi a sua filha, que estava prestando atenção na resposta da mãe e corrigiu ao final. Engraçado nesta história foi que tivemos de repetir inúmeras vezes e a entrevistada, pois ela não conseguia expressar aquilo que desejava: - Prefiro viver no campo.
Ao comparar com as teorias da comunicação podemos dizer que a entrevista concepção de Rogers “é um encontro interpessoal que se desenrola num contexto e numa situação social determinado implicando a presença de um profissional e um leigo”. Ou ainda, segundo Morgan (1988), a entrevista é “uma conversa intencional, geralmente entre duas pessoas, embora por vezes possa envolver mais pessoas e ser dirigida por uma das pessoas, com o objetivo de obter informações sobre a outra”.
Os tipos de entrevista são: Não estruturada, estruturada e semi-estruturada. A não estruturada, o entrevistador propõe um tema, o qual se desenvolve ao fluir da conversa, as questões emergem em um contexto imediato. O entrevistador promove, orienta e encoraja a participação do sujeito e estimula a tomada de consciência do entrevistado.
Por fim, a linguagem do entrevistador deve ser acessível para o entrevistado, deve também ser de interesse do mesmo, o tema deve construir um tipo de estímulo ao entrevistado, devemos levar em conta o comportamento não verbal do entrevistado e a informação recolhida deve ser tratada com a máxima responsabilidade.
Marco Medronha           mmedronha@hotmail.com

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Pelotas: Um pedido dos Anjos

    Catedral São Francisco de Paula, em 1902 
Gurpo Euamo Pelotas. Foto postada por Laila B. Peres
Nas comemorações dos 200 anos de Pelotas, ainda é possível ao caminhar pelas ruas da cidade e encantar-se com a arquitetura grandiosa do casario antigo. Ao parar para contemplar, talvez com um pouco de imaginação, poderemos ouvir os saraus, recitais de música e até mesmo o alarido das companhias teatrais. Segundo conta a história, os doces caseiros eram servidos por mulheres caseiras e suas mucamas nos intervalos de cada espetáculo.
Ao completar dois séculos de existência é impossível passar indiferente ao coração de quem adotou ou foi adotado, o momento pede a busca de raízes e conhecimento das origens de uma cidade que acolhe pessoas com tanto carinho. Os relatos históricos da origem de Pelotas revelam que no dia 7 de julho de 1812, o padre Felício foi ao Rio de Janeiro a mando, da família Antônio dos Anjos, para solicitar às autoridades competentes a criação da nova freguesia, a qual foi chamada São Francisco de Paula.
Certo dia fazendo uma reportagem sobre as charqueadas de Pelotas, conheci o escritor e poeta Mário Osório Magalhães, ela me presenteou com uma de suas obras: Os passeios da cidade antiga. Nesta publicação está a origem das principais ruas e avenidas de Pelotas, assim como um breve histórico de várias personalidades que foram homenageadas e deram seus nomes a nossos endereços. Claro que Antônio dos Anjos foi lembrado, em pelo menos uma rua, assim como o padre Felício.
Quero resgatar aqui um pouco dos pioneiros que são personagens na formação da cidade. Antônio dos Anjos foi charqueador de grandes posses, capitão-mor desde o primitivo distrito Vila do Rio Grande. Foi também o primeiro proprietário dos terrenos que deram origem ao povoado. Batizado como Antônio Francisco dos Anjos, logo que cresceu foi apelidado de “fragatinha”, por ser filho de contramestre de navio.
O padre Felício, talvez tenha nascido na Colônia Sacramento (ou numa outra província de Buenos Aires, ou até mesmo em Rio grande), não se sabe ao certo. Em 1810 viajou ao Rio de Janeiro para criar uma nova unidade Eclesiástica (uma nova freguesia), em um lugar chamado “Pelotas”. Dois anos depois o objetivo foi alcançado, receberia o nome de “São Francisco de Paula”, nome da Catedral, onde possivelmente foi enterrado, quando faleceu em 1819.
Se Antônio dos Anjos e padre Felício foram os mentores, José Pinto Martins, o português, que em 1779, vindo do Ceará, provocou uma verdadeira revolução metade sul do Estado: fundou a primeira fábrica de salgar carnes às margens do arroio Pelotas. Com Pinto Martins veio as charqueadas que deram origem ao desenvolvimento econômico de Pelotas e região.
O gado bovino, que era matéria prima abundante no campo, logo ganhou a companhia do arroz, o município começou a experimentar o potencial econômico da atualidade. Pelotas, como um pedido dos Anjos, se completa com as belezas da Lagoa dos Patos (praia do Laranjal) e outros pontos turísticos da região Colonial onde os visitantes podem encontrar cachoeiras, trilhas ecológicas, antigas construções, culinária típica dos imigrantes italianos, franceses e pomeranos.

Marco Medronha
mmedronha@hotmail.com

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O Reencontro de homens com os guris

 

       Encontro de ex-alunos realizado em 01/07/2012, na Esc.Téc .E. Santa Isabel – São Lourenço do Sul/RS

 A utilização das redes sociais, especialmente o Faceboock, foi a ferramenta de comunicação fundamental para encontrar egressos do antigo ginásio agrícola, em uma das mais tradicionais escolas técnicas da região sul do Estado. O dia 01 de julho de 2012, certamente vai ficar marcado nesta escola como o reencontro dos homens do presente com os guris do passado.
Neste dia de muita emoção, os homens do GASI, que aqui estudaram no início da década de 70, e que atualmente desempenham as mais variadas atividades em todo o RS, vieram rever antigas amizades, contar o que fazem e relembrar os tempos de guri. Eles são empresários, profissionais das ciências agrárias, profissionais liberais, políticos, professores, funcionários públicos, privados, agricultores e jornalista. Todos com uma mesma identidade: origem do meio rural.
Foram contadas histórias de luta e superação, mas ao mesmo tempo um reencontro de muita alegria. Afinal, tempo de guri é sempre muito divertido, são momentos em experimentamos sensações de muita responsabilidade, ao mesmo tempo que podemos arriscar mais, brincar e na brincadeira séria descobrir nossos talentos. Lembro aqui do Grêmio Estudantil Silvio Centeno, lugar onde fiz meus primeiros ensaios como jornalista, no setor de divulgação e membro da diretoria. Quantos colegas conheceram no movimento estudantil, a possibilidade de serem vistos e exercerem lideranças, pois as primeiras noções de responsabilidades podem ser adquiridas no exercício de funções que representam uma determinada classe.
Foi pensando no jornal impresso que fazíamos “A voz do GESC”, do grêmio estudantil, rodado no velho mimiógrafo que me inspiro a evoluir para as novas mídias, criando o meio eletrônico “A voz do GASI”, talvez um blog ou videolog, para que possamos tornar novas velhas e boas histórias do internato. Convido a todos que participaram do encontro, os que não puderam estar presentes, os de perto, os de longe, que compartilhem suas memórias. Quem não lembra do cantinho, da fila do almoço, dos bichos, dos veteranos, dos cascudos, do gancho, das aulas práticas, do futebol, do ping-pong, da quadra de esporte em chão batido, dos professores, do seu Olavo, do Ferpa, do seu Wolny e do time da escola. Claro que muitas histórias não poderemos contar, pois essas ficam para aqueles momentos em que a gente pessoalmente, de novo, se encontre para dar boas risadas.
Estamos desenvolvendo a ferramenta do meio eletrônico, por enquanto realizo esse post, no meu blog pessoal Repórter Rural, mas deixo meu e-mail para que colaborem enviando suas histórias pitorescas ou quem sabe tente colocar no papel aquele sentimento expressado no encontro. Assim vamos mapeando e formando uma grande corrente, com força suficiente para quem sabe no futuro ajudar nossa querida escola ginasial.
Abraços
Jornalista Marco Medronha    -  mmedronha@hotmail.com