Existem
muitas histórias antigas e lendas sobre as origens da pintura em ovos. Entre
estas conheci no município de Don Feliciano, a Pisanki de Páscoa, uma cultura
preservada até os dias de hoje pelos imigrantes poloneses daquela região. A
utilização de técnicas centenárias de pinturas coloridas em ovos, se
caracterizava no presente favorito destes imigrantes, na época da páscoa.
Na
tradição polonesa, antes mesmo de serem trabalhados com belas pinturas, os ovos
eram cozidos em concentrados de casca de cebola, casca de carvalho, hastes de
trigo, flores de malva ou violeta. Além de ser um belo presente, as pisanki serviam
para diversão, vários jogos e concursos alegravam as famílias e a comunidade.
Mas o significado mais importante era o desejo de boas festas, um sentimento
profundo de renovação da amizade e admiração ao próximo.
No
nosso meio rural, aqui mesmo na zona sul, antes de conhecer a “indústria do
chocolate”, convivi com a rica experiência de produzir o próprio cesto de
páscoa. Eram momentos de celebração em família de muita alegria, pois além de
rechear as cascas de ovos com amendoim açucarado, apreendi técnicas de pinturas
e colagens que deixavam cada cesto como único, personalizado. Ali estava
impregnada e associada a mensagem cristã mais valiosa, na qual comemoramos a
ressurreição de Jesus.
A
pureza destes momentos certamente foi engolida pelos apelativos e gigantescos
ovos de chocolate. Hoje quem recebe ovos de páscoa, presta mais atenção nas
embalagens, no volume e nas marcas consagradas. O consumismo das pessoas está
acabando com sentimentos verdadeiros que a Páscoa representa. Nada contra o
chocolate, que na história tem seu simbolismo de prosperidade e qualidade de
vida. Aliás, assim como os ovos de galinha ou ganso decorados e a técnica
pisanki, os ovos de chocolate também podem ser produzidos em casa, em comunhão
familiar.
Não
podemos nos esquecer de produzir também em chocolate, o Coelho da Páscoa, pois
nesta data comemorativa, ele está associado simbolicamente a fertilidade, pela
grande capacidade de reprodução. No antigo Egito, o coelho representava o
nascimento e a esperança de novas vidas.
Se
todas estas mensagens estiverem bem claras para quem dá ou recebe um presente
de páscoa, nada impede as pessoas de adquirirem tantos ovos ou quantos coelhos
desejar, afinal todos tem liberdade para decidir o que fazer com o tempo ou
dinheiro. Mas precisamos avaliar qual desses recursos é mais valioso para a
vida.
Marco Medronha mmedronha@hotmail.com
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