segunda-feira, 7 de abril de 2014

Pressão que induz ao erro



Nesta semana mais um operário que trabalhava na construção de estádios para a Copa do Mundo no Brasil perdeu a vida ao cair de uma altura de quase dez metros, quando cumpria ordens de serviço na montagem de arquibancadas móveis, no estádio Itaquerão, em São Paulo. Fábio Hamilton da Cruz havia conseguido seu primeiro emprego com carteira assinada e está entre os oito mortos em acidentes ocorridos nos estádios, número superior as mortes ocorridas nas obras para a Copa da África do Sul. Provavelmente o jovem assistente de construção tenha sido mais uma vítima fatal da pressão sofrida pelos trabalhadores para concluir obras atrasadas.

Se a pressa é inimiga da perfeição, também é algo maléfico para as coisas bem feitas ou produzidas com planejamento. As obras para construção de novos estádios, além do desperdício com investimentos públicos gigantescos, deixa descoberto áreas vitais para as pessoas, tendo em vista a precariedade de estruturas de saúde, segurança e educação, compromissos constitucionais do Estado para com seus cidadãos. Os atrasos parecem ser de propósito ou até mesmo uma forma de pressão para conseguir mais recursos e assim alimentar a cultura do desvio de verbas, uma prática maléfica para uma sociedade,  onde poucos ganham ao custo do suor e tragédias sofridas pelos mais humildes.

Na verdade, a pressão existe em vários setores de trabalho e poucos pressionados sabem lidar com a situação. Infelizmente, por posições nada democráticas das chefias ou por completa falta de sensibilidade, ao longo da vida, já vi muitos talentos se perderem e os prejuízos acabaram sendo drásticos para ambos. Na área da comunicação, por exemplo, a pressão diária das chefias pela informação mais rápida e instantânea vem induzindo cada vez mais os profissionais ao erro. Parece que estamos assistindo o filme “Tempos Modernos” do Chaplin, onde a produção sai em série e as peças são todas iguais, em quantidade, sem qualidade e as pessoas são consideradas máquinas, com pouco ou nenhum tempo para pensar.

Como fazer para resistir a pressão? No esporte temos um bom exemplo de disciplina tática. Quantas vezes assistimos um time grande pressionar um pequeno e este resistir até sair vitorioso. Acho que devemos nos preparar para suportar os sufocos em qualquer profissão e tudo depende de uma boa estratégia. As vezes aprendemos com o próprio andar da carruagem, conhecemos os atalhos, valorizamos as paradas para ganhar fôlego, conversamos com um amigo ou alguém experiente sobre o assunto e nos fortalecemos para enfrentar as pressões diárias do trabalho, que são perfeitamente normais, pois o sucesso é o resultado da maior quantidade de acertos e da minimização de erros.


Marco Medronha       mmedronha@hotmail.com

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