Nesta semana mais um operário que
trabalhava na construção de estádios para a Copa do Mundo no Brasil perdeu a
vida ao cair de uma altura de quase dez metros, quando cumpria ordens de
serviço na montagem de arquibancadas móveis, no estádio Itaquerão, em São Paulo. Fábio
Hamilton da Cruz havia conseguido seu primeiro emprego com carteira assinada e
está entre os oito mortos em acidentes ocorridos nos estádios, número superior
as mortes ocorridas nas obras para a Copa da África do Sul. Provavelmente o
jovem assistente de construção tenha sido mais uma vítima fatal da pressão
sofrida pelos trabalhadores para concluir obras atrasadas.
Se a pressa é inimiga da perfeição,
também é algo maléfico para as coisas bem feitas ou produzidas com planejamento.
As obras para construção de novos estádios, além do desperdício com
investimentos públicos gigantescos, deixa descoberto áreas vitais para as
pessoas, tendo em vista a precariedade de estruturas de saúde, segurança e
educação, compromissos constitucionais do Estado para com seus cidadãos. Os
atrasos parecem ser de propósito ou até mesmo uma forma de pressão para
conseguir mais recursos e assim alimentar a cultura do desvio de verbas, uma
prática maléfica para uma sociedade,
onde poucos ganham ao custo do suor e tragédias sofridas pelos mais
humildes.
Na verdade, a pressão existe em vários
setores de trabalho e poucos pressionados sabem lidar com a situação.
Infelizmente, por posições nada democráticas das chefias ou por completa falta
de sensibilidade, ao longo da vida, já vi muitos talentos se perderem e os
prejuízos acabaram sendo drásticos para ambos. Na área da comunicação, por
exemplo, a pressão diária das chefias pela informação mais rápida e instantânea
vem induzindo cada vez mais os profissionais ao erro. Parece que estamos
assistindo o filme “Tempos Modernos” do Chaplin, onde a produção sai em série e
as peças são todas iguais, em quantidade, sem qualidade e as pessoas são consideradas
máquinas, com pouco ou nenhum tempo para pensar.
Como fazer para resistir a pressão? No
esporte temos um bom exemplo de disciplina tática. Quantas vezes assistimos um
time grande pressionar um pequeno e este resistir até sair vitorioso. Acho que
devemos nos preparar para suportar os sufocos em qualquer profissão e tudo
depende de uma boa estratégia. As vezes aprendemos com o próprio andar da
carruagem, conhecemos os atalhos, valorizamos as paradas para ganhar fôlego,
conversamos com um amigo ou alguém experiente sobre o assunto e nos
fortalecemos para enfrentar as pressões diárias do trabalho, que são
perfeitamente normais, pois o sucesso é o resultado da maior quantidade de
acertos e da minimização de erros.
Marco Medronha mmedronha@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário