As
coisas preciosas da vida devem ficar sob o domínio dos grandes. Certo? Quando
nos referimos a responsabilidades dos adultos em relação às crianças, talvez.
Mas, quando tratamos de temas relativos à preservação dos recursos naturais,
como o resgate e guarda das sementes crioulas posso afirmar que, neste caso as
preciosidades devem ficar na mão dos pequenos. Sejam eles colonos, índios,
quilombolas, assentados ou outra categoria de agricultores familiares que o
homem teima em classificar.
O
município de Canguçu e suas organizações de agricultores, juntamente com as
instituições organizaram, neste mês de outubro (05 e 06/10/2013), a Feira
Estadual de Sementes Crioulas e Tecnologias Populares. Na condição de repórter
rural pude constatar que preciosidades decisivas para o futuro da humanidade
estão nas mãos dos pequenos agricultores e que da resistência histórica desses
grandes homens do campo depende a soberania alimentar do planeta.
Sementes
crioulas de produtos a exemplo do milho, feijão, abóbora, hortaliças e todo
tipo de alimento foram trazidas por agricultores da região como jóias raras,
com objetivos de promover a troca de sementes entre as famílias produtoras e
aquisição para quem desejasse cultivar e passar adiante. Além dos adultos, as
escolas do município envolveram também crianças e adolescentes, os estudantes
passaram a pesquisar as sementes e saber mais a importância para as
comunidades. Nisso, veio também o respeito e a admiração pelo trabalho dos
agricultores.
Foi
de uma jovem estudante chamada Milena, que veio a inspiração para criar mais
que uma frase, mas a síntese do pensamento da Feira de Sementes – “Crioulas:
Sementes que resgatam o passado e garantem a segurança alimentar do futuro”.
Acredito que o envolvimento da juventude nas causas nobres e fundamentais para
o planeta pode trazer mais esperança na luta constante entre grandes, de
interesses escusos e pequenos com ideais consolidados. Este é o tipo de
disputa, em que todos saem perdendo, porque não teremos nem grandes e nem
pequenos não existirem mais alimentos para o consumo.
Marco Medronha mmedronha@hotmail.com
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