sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Mais informação, mais consciência é igual a mais educação



Em um dia quente de início de verão estava indo para mais uma reportagem no meio rural, o destino era uma localidade no interior de Pinheiro Machado. Junto comigo no veículo estavam o cinegrafista e o palestrante da reunião, no meio do caminho tivemos que chegar em um comércio na beira da estrada para comprar uma água ou refrigerante, pois a umidade do ar estava baixa e o calor quase insuportável. Até aí tudo normal, mas jamais esqueci o momento em que o palestrante, depois de saciar a sede, abriu o vidro do carro e jogou a garrafa “pet” numa vala junto a estrada.

Não lembro bem quais foram as palavras que disse ao sujão, só sei que fiquei muito indignado, pois não esperava aquela atitude vinda de uma pessoa com formação superior e que revelou educação tão inferior. Depois da invasão do plástico, das latas e dos vidros, o nosso meio rural não é mais o mesmo e o lixo não é mais problema apenas dos centros urbanos. Hoje é comum você sair para uma atividade rural, seja a trabalho ou turismo, e encontrar vestígios de sujeira, rastros deixados por quem tem pouca consciência e nenhuma educação. No caso do palestrante em questão acredito que ele tinha a informação, mas ela estava adormecida e não foi capaz de se sobrepor as atitudes inconscientes da criatura que se julga culta.

Nem tudo está perdido. Ações, mesmo que isoladas em relação ao tema precisam ser divulgadas e o trabalho deve começar nas escolas entre as crianças e adolescentes. Nesta semana conheci um trabalho de educação ambiental realizado na Ilha da Torotama. É o projeto “Pescando Lixo”, no qual envolve os extensionistas da Emater, do Porto, de educadores e escolares do município de Rio Grande. Depois de palestras sobre a importância da água e a necessidade de preservação do meio ambiente, o grupo formado pelas instituições envolvidas e alunos da Escola Fundamental Cristóvão Pereira de Abreu, saiu em direção a Lagoa dos Patos para recolher o lixo deixado pela comunidade, inclusive pelos pescadores, que dependem da pesca para a sobrevivência.

Neste caso a comunidade da Ilha da Torotama, talvez não tivesse a informação sobre o tempo de decomposição dos materiais mais encontrados, por exemplo: Latas de alumínio (200 a 500 anos), Isopor (400 anos), pneus (600 anos), vidro (4000 anos) e garrafa “pet” (tempo indeterminado). Em apenas uma hora, o mutirão da limpeza recolheu em sacos plásticos, quantidade suficiente para encher mais de dez barcos de pesca.

A informação recebida pela comunidade, aliada a forma participativa dos alunos, uma “gincana”, contribuiu para elevar o conhecimento de todos, estimular a consciência cidadã e com certeza melhorar a educação. Tenho a convicção que ações direcionadas aos jovens, nas quais fazem deles protagonistas são efetivas e saem barato aos poderes públicos. Na verdade, não se faz necessário criar programas complexos e sim estimular atitudes simples onde a informação possa ser compartilhada e experimentada.

Marco Medronha     mmedronha@hotmail.com


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