Em
um dia quente de início de verão estava indo para mais uma reportagem no meio
rural, o destino era uma localidade no interior de Pinheiro Machado. Junto
comigo no veículo estavam o cinegrafista e o palestrante da reunião, no meio do
caminho tivemos que chegar em um comércio na beira da estrada para comprar uma
água ou refrigerante, pois a umidade do ar estava baixa e o calor quase
insuportável. Até aí tudo normal, mas jamais esqueci o momento em que o
palestrante, depois de saciar a sede, abriu o vidro do carro e jogou a garrafa
“pet” numa vala junto a estrada.
Não
lembro bem quais foram as palavras que disse ao sujão, só sei que fiquei muito
indignado, pois não esperava aquela atitude vinda de uma pessoa com formação
superior e que revelou educação tão inferior. Depois da invasão do plástico,
das latas e dos vidros, o nosso meio rural não é mais o mesmo e o lixo não é
mais problema apenas dos centros urbanos. Hoje é comum você sair para uma atividade
rural, seja a trabalho ou turismo, e encontrar vestígios de sujeira, rastros
deixados por quem tem pouca consciência e nenhuma educação. No caso do
palestrante em questão acredito que ele tinha a informação, mas ela estava
adormecida e não foi capaz de se sobrepor as atitudes inconscientes da criatura
que se julga culta.
Nem
tudo está perdido. Ações, mesmo que isoladas em relação ao tema precisam ser
divulgadas e o trabalho deve começar nas escolas entre as crianças e
adolescentes. Nesta semana conheci um trabalho de educação ambiental realizado
na Ilha da Torotama. É o projeto “Pescando Lixo”, no qual envolve os
extensionistas da Emater, do Porto, de educadores e escolares do município de
Rio Grande. Depois de palestras sobre a importância da água e a necessidade de
preservação do meio ambiente, o grupo formado pelas instituições envolvidas e
alunos da Escola Fundamental Cristóvão Pereira de Abreu, saiu em direção a
Lagoa dos Patos para recolher o lixo deixado pela comunidade, inclusive pelos
pescadores, que dependem da pesca para a sobrevivência.
Neste
caso a comunidade da Ilha da Torotama, talvez não tivesse a informação sobre o
tempo de decomposição dos materiais mais encontrados, por exemplo: Latas de
alumínio (200 a
500 anos), Isopor (400 anos), pneus (600 anos), vidro (4000 anos) e garrafa
“pet” (tempo indeterminado). Em apenas uma hora, o mutirão da limpeza recolheu
em sacos plásticos, quantidade suficiente para encher mais de dez barcos de
pesca.
A
informação recebida pela comunidade, aliada a forma participativa dos alunos,
uma “gincana”, contribuiu para elevar o conhecimento de todos, estimular a
consciência cidadã e com certeza melhorar a educação. Tenho a convicção que
ações direcionadas aos jovens, nas quais fazem deles protagonistas são efetivas
e saem barato aos poderes públicos. Na verdade, não se faz necessário criar
programas complexos e sim estimular atitudes simples onde a informação possa
ser compartilhada e experimentada.
Marco
Medronha mmedronha@hotmail.com
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