Muito se tem falado sobre o modo que devemos lidar com as diferenças, as quais são construídas e apontadas historicamente pela sociedade. Vivemos em um processo de aprendizado contínuo, onde cada um procura se entender, se conhecer melhor, buscar suas raízes, encontrar-se com sua identidade, mas o sistema parece enxergar muito mais as diferenças e talvez por isso estas apareçam mais, são mais marcadas.
Aprendi com meus pais, depois com a vida, que entre pessoas não existem diferenças, que os seres humanos devem ser naturalmente concebidos como iguais. Uma tarefa muito árdua para muitos, pois vivemos em um mundo cercado de preconceitos por todos os lados. É incrível que até mesmo entre os Cristãos, as manifestações contrárias aos ensinamentos da doutrina religiosa são afloradas com facilidade. As diferenças aparecem e se sobrepõem aos iguais.
Se espiritualmente possamos não ter incorporado o sentimento de que perante o “Senhor” somos todos iguais, a lei dos homens entendida como a Constituição da República Federativa do Brasil estabelece, em seu Art.5º, que: “Todo o cidadão brasileiro tem direitos e oportunidades iguais, independente de sua raça, cor, gênero, idade ou condição física”. Os PcD são pessoas que têm impedimentos de natureza física, mental, intelectual ou sensorial permanentes, as quais, em interação com a sociedade podem sofrer com diversas barreiras e terem sua participação plena e efetiva comprometida, no exercício da igualdade com às demais pessoas.
Quando a relação social acontece com a Pessoa com Deficiência (PcD), o assunto realmente complica, pois continuamente estas têm sido segregadas e impedidas de terem seus direitos universais atendidos, como determina a legislação. Para auxiliar aqueles que possuem dificuldades em compreender os iguais, a Faders (Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas), órgão do Governo do Estado RS lançou recentemente uma Cartilha, que além de cumprir sua missão governamental poderá ajudar muito os menos engajados. É uma proposta de mudança de atitude em relação aos nossos iguais. Ressalto aqui algumas procedimentos que poderão fazer a diferença na relação com a PcD, de acordo com a Cartilha da Faders:
· Se você desejar ajudar, ofereça ajuda, mas não insista. Se precisar de ajuda, a pessoa aceitará sua oferta e lhe dirá o que fazer. Se forçar essa ajuda, isso pode, às vezes, até mesmo causar insegurança.
· Não estacione seu automóvel em vagas reservadas às pessoas com deficiência física. Tais lugares são reservados por necessidade e não por conveniência.
· Não segure nem toque na cadeira de rodas. Ela é parte do espaço corporal da pessoa. Apoiar-se ou encostar-se na cadeira é o mesmo que apoiar-se ou encostar-se na pessoa.
· Quando você e uma pessoa com deficiência física quiserem sair juntas, preste atenção às eventuais barreiras arquitetônicas ao escolherem o lugar que irão visitar.
· Mantenha as muletas ou bengalas sempre próximas à pessoa. Tome os cuidados necessários para não tropeçar nas muletas.
· A pessoa com deficiência tem espaço reservado no transporte público.
· Pessoas com deficiência física, quando necessário, devem ter atendimento acompanhado, com a oferta de lugar apropriado, assim como posições de mesas espaçosas ou com algum tipo de apoio, se houver uso de muletas ou outros acessórios.
· Se você quer falar com uma pessoa surda, chame a atenção dela, seja sinalizando com a mão ou tocando no seu braço.
· Enquanto estiverem conversando, manter contato visual; se olhar para outro lado enquanto está conversando, a pessoa surda pode pensar que a conversa terminou. Se a pessoa surda estiver acompanhada de um intérprete, falar diretamente com ela e não com o intérprete.
Respeito aos iguais II
A Faders também auxilia e presta orientações sobre atitudes que devemos em relação a Pessoa com Altas Habilidades (PcAH), as quais necessitam de acompanhamento, especialmente na fase escolar.
Segundo o Ministério da Educação, Altas Habilidades ou Superdotação é uma necessidade educacional especial apresentada por alunos que demonstram grande facilidade de aprendizagem, potencial elevado e grande envolvimento com as áreas da ação humana, isoladas ou combinadas: intelectual, comportamental, psicomotora, artística e criativa. O sistema de ensino, certamente, com raras exceções, não está preparado ou organizado para atender o conjunto de habilidades e competências acima da média apresentados por estes alunos.
Os chamados alto-habilidosos apresentam diferenças significativas sobre a concepção tradicional do processo de ensino e aprendizagem. Fato que os excluem do processo educacional, apesar da presença física na sala de aula, não aprendem ou desenvolvem conceitos, procedimentos ou atitudes não planejados pelo projeto pedagógico realizado para a média. Isto acontece pela grande facilidade de aprendizagem. Aquilo que seria concebido como normal para os padrões de ensino torna-se algo tedioso e desajustado para as Pessoas com Altas Habilidades, pois sem proposta diferenciada de currículo e educadores, tal aluno tem negado o seu direito fundamental à educação.
Na publicação, “Um olhar para as altas habilidades”, a organizadora do trabalho, Christina Cupertino, relata que o aluno com altas habilidades apresenta algumas especificidades em virtude de como se relaciona com o mundo e com os outros, e que ocorrem por ele ser uma pessoa diferente das outras, dependendo do olhar do adulto (e de seu autoritarismo), essas características podem ser vistas como problemas.
A autora mostra situações do cotidiano e exemplifica que um aluno diferente pode conviver como igual e, isso depende de uma atitude habilidosa do educador. Exemplifica: Se existe a recusa de fazer a prova escrita, o professor pode sugerir a prova oral, pois se ele sabe a matéria, não necessita submeter-se ao sistema de avaliação tradicional, por vezes falido.
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