sábado, 12 de maio de 2012

Se beber não morra

O meio rural está recheado de histórias interessantes e algumas delas incríveis, parte delas resgato no meu livro “Histórias e estórias no sítio”, elas fazem parte de uma  primeira publicação sobre a temática e foram contadas pelos próprios extensionistas rurais. Estes como fonte fidedigna, me fazem acreditar em todas.
Porém, uma delas ainda não foi publicada e aproveito para contar aqui no espaço Repórter Rural, quem me contou foi uma colega jornalista e o fato aconteceu quando ela visitava o sítio da avó. Todo o jornalista tem um compromisso com a verdade, neste caso o meu é reproduzir a história direitinho.
O fato aconteceu no interior de São Lourenço do Sul, em um sítio de imigrantes alemães. A fartura de plantas de butiá, nas redondezas estimulou o pessoal fazer licores e todo tipo de preparados com cachaça. A bebida era consumida moderadamente apenas como “aperitivos”, antes ou após as refeições. Mas, a família tinha um problema: o que fazer com a sobra? Com os butiás alcoolizados ou curtidos no álcool?
Ocorre que o pessoal estava saindo apressado para uma festa na colônia, daquelas que duram o dia inteiro, mas antes teriam quer dar destino aos butiás embebidos e encharcados de cachaça. Foi aí que o avô teve a iniciativa de jogar as frutinhas nos fundos do pátio, próximo a uma cerca. A idéia só não foi bem sucedida, porque a criação de gansos resolveu comer os butiás curtidinhos de cachaça.
O resultado foi desastroso, quando a família chegou da festa encontraram os gansos esticados no chão, duros. A avó não teve dúvidas, antes que caísse a noite, resolveu aproveitar pelo menos as penas das aves, pois estas davam excelentes travesseiros ou serviriam para as cobertas de inverno. A providência de enterrar os animais mortos ficou para o dia seguinte.
Amanheceu no sítio... e o avô, cedinho foi dar milho para a bicharada e se surpreendeu quando apareceu a criação de gansos peladinhos. Ao passar o efeito do álcool eles sobreviveram milagrosamente.
Entre os humanos o caso é muito mais sério, pois é inconcebível que pessoas racionais, ainda dirijam seus carros depois de ingerir álcool. Pesquisa recente da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), revela que 43% dos indivíduos entrevistados que beberam, consumiram pelo menos três doses em festas antes de dirigir. Entre os condutores de carro, o índice de alcoolizados chega a alarmantes 56,6%. A pesquisa revela que entre os motoristas de automóveis que tinham consumido bebida, 100% ingeriram quantidade acima do que prevê a legislação (0,6g/l).
Ações isoladas como as da ONG Vida Urgente de Porto Alegre, embora preciosas, ainda não são suficientes. É necessário uma campanha conjunta aos governos, com um firme propósito de salvar vidas. O trabalho começa pela conscientização dos jovens, as maiores vítimas nas estatísticas. Se beber não morra, você poderá ser encontrado na beira de uma cerca, sem penas ou melhor sem roupas, isto se tiver a mesma sorte dos gansos: sobreviver milagrosamente.
Marco Medronha

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