Nesta semana fiquei sabendo que o Comitê Gestor Regional dos Programas da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo deliberou, através Fundo Estadual de Apoio aos Pequenos Estabelecimentos Rurais, a implementação na região de 100 projetos para construção de micro açudes e/ou cisternas. A escolha dos municípios beneficiados se deu pelos critérios de homologação de Estado de Emergência pela estiagem.
Não parece, mas a seca continua e a situação ainda é séria em muitos municípios da nossa região. Para descontrair um pouco resolvi publicar nesta coluna, uma história contada pela ex-colega de trabalho, Miriam Carvalho. O causo foi ilustrado pelo jornalista Wilmar Marques e está no meu livro “Histórias e Estórias no Sítio”, ela conta assim:
“Lá pelos anos 70, quando iniciei minha vida profissional, na Extensão Rural do município de Piratini, costumava pegar o ônibus via Canguçu para Pelotas, onde moravam meus familiares. Numa dessas viagens, eu estava sentada na terceira fila atrás do motorista e na minha frente dois agricultores, gente humilde e simples como a maioria dos passageiros. O ônibus “daqueles” bem antigos, tipo da novela “Tieta do Agreste”, era um sobe e desce de passageiros, por aquela estrada de chão empoeirada. Os ditos cujos agricultores só falavam da seca, pois naquela época foi brava mesmo. Todos estavam apavorados com ela, pois aonde quer que fôssemos o assunto era a tal da seca. O ônibus parava a todo instante, para pegar e deixar gente, e os dois agricultores continuavam no assunto da tal seca: quando o ônibus parava ficavam quietos e era só o ônibus continuar e o assunto era sempre o mesmo: a seca.
Numa dessas paradas, entrou uma velhinha toda de preto, alta e muito magra, que ficou de pé ao lado dos dois agricultores, pois o ônibus estava sempre cheio, e os passageiros iam de pé, quase em cima dos que estavam sentados. A dita velhinha, toda de preto, alta e magra, ia numa seriedade preocupante. Foi quando um deles perguntou para o outro: “Até onde irá essa seca?” O que a velhinha num alto e bom tom respondeu: “Vocês não tem nada que saber”. Depois de uma breve pausa respondeu bem alto: “Vou para Canguçu.” Os dois murcharam, ficaram mudos e foram toda a viagem em silêncio. Eu fiquei também quieta, rindo sozinha”.
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