sexta-feira, 13 de abril de 2012

O poder das palavras


Descobri a algum tempo, assistindo uma palestra, um texto atribuído a Olavo Bilac, no qual mostra um exemplo do poder das palavras ou de alguém que teve o dom de escrever para nos fazer entender coisas que temos dificuldade de compreender. É uma dessas histórias ou fábulas, que ajudam a refletir sobre algumas dificuldades que teimamos em não enxergar. Talvez, porque nunca alguém utilizou corretamente as palavras certas.

O texto dizia assim: "Um comerciante pediu ao amigo Olavo Bilac, poeta e jornalista, que escrevesse um texto para o jornal, anunciando a venda de um sítio de sua propriedade. Dias depois, o poeta Olavo Bilac enviou ao jornal: Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeirão. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes na varanda. Tempos depois, aquele comerciante, proprietário do sítio, encontrou Olavo Bilac e disse-lhe que havia desistido da venda, porque pelo texto do poeta, viu que ali não havia uma casa abandonada, que só lhe dava prejuízos e incomodações; mas sim, um lugar de paz, como Olavo Bilac o fez enxergar”.

Muitos são os motivos que levam as pessoas a se desfazerem de seus bens imóveis, principalmente as que vivem no campo. O êxodo rural é uma realidade e uma preocupação dos governos, pois alguns fatores como a falta de condições para produzir alimentos, o isolamento, a dificuldade de acesso à informação ou ainda, a falta geral de perspectivas expulsam especialmente o jovem, que sai em busca melhores oportunidades e, não raramente, a família vai junto, ocasionando a venda propriedade rural.

Sei que somente palavras, por melhores que sejam, são insuficientes para resolver a problemática do êxodo rural, mas que um bom texto pode mudar realidades. Sei também, que palavras ao vento viram conversa fiada; falar demais nem sempre é o melhor, pois corremos o risco do discurso enfadonho e cansativo. Em certos momentos, é preferível o uso de poucas palavras, quem sabe apenas uma palavra: obrigado! Ou duas: muito obrigado! Três palavras: obrigado Olavo Bilac.

Marco Medronha
mmedronha@hotmail.com

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