sábado, 19 de dezembro de 2015

O Nascimento do Guri


Numa cidade do Rio Grande do Sul, o agricultor José Brasil trabalhava como carpinteiro. O ofício que escolheu para sustentar a família, não era suficiente para o viver dignamente, pois era obrigado a pagar pesados impostos ao governo a fim de manter-se dentro da regularidade. Ele tomou a decisão de voltar para o campo e rumou para as suas terras, as quais estavam arrendadas a um parente, a fim de retomar sua antiga profissão. A esposa, Maria esperava pelo nascimento de um menino. 

Os amigos e compadres, Zacarias e Isabel foram solidários e, emprestaram-lhes a velha camionete Rural Willys, onde coube toda a mudança de José e Maria. O casal rumou pela estrada poeirenta do interior com um novo sonho: Cultivar a terra com sustentabilidade, produzir alimentos saudáveis para alimentar a família, vender o excedente e criar os filhos dentro das leis de respeito à natureza e o meio ambiente.

Para a realização de sonhos é preciso sacrifícios e determinação, a familía enfrentou dificuldades na viagem de volta. Além das condições ruins do veículo, que estragou e das estradas esburacadas, Maria já sentia as dores do parto, a criança estava pra nascer. Em volta, só campo e animais foi quando José avistou uma casinha abandonada, uma típica tapera com um pomar de pêssegos improdutivo. Foi ali que o Guri enrrolado em um ponche nasceu a cama era um pelêgo. Em sua volta os bichos de criação: ovelhas, cabras, vacas, porcos e até um cusco guaipéca fazia festa com os outros animais.

Aquele movimento chamou atenção do repórter Gabriel, que passava de motocicleta pelo local rumo ao trabalho em sua rádio comunitária. Ele reconheceu a família abençoada, como antigos vizinhos do lugarejo e através do microfone anunciou: “Bom dia amigos e amigos... Hoje, dia 25 de dezembro é um dia feliz para nossa comunidade, José e Maria voltaram, junto com eles uma criança que irradia luz, um Guri com brilho diferente. 

Os moradores do lugarejo ouviram o anúncio do rádio e correram para a tapera abandonada, com a finalidade de auxiliar e saudar o retorno dos velhos  amigos. Todos louvaram o menino, como sinal de esperança e renovação. 
A semelhança dessa história e das personagens, com o nascimento do menino Jesus, não é mera coincidência. Feliz Natal aos leitores do Repórter Rural.

Marco Medronha   mmedronha@hotmail.com

domingo, 6 de dezembro de 2015

Sem extensão rural falta comida na mesa



Mais de 70% da produção de alimentos consumidos pela sociedade vem da agricultura familiar. Além dos produtos colocados no mercado na forma in natura, à agroindústria e outros de processos artesanais que proporcionam alimentos à população, tem origem nos núcleos familiares rurais. Na assistência técnica e extensão rural e social, de um público fundamental para o abastecimento da mesa dos gaúchos e brasileiros, a Emater/RS-Ascar.

As ações desenvolvidas pelos bravos extensionistas rurais ecoam também para combater as desigualdades sociais. Neste contexto está o trabalho com as comunidades, quilombolas, indígenas, pescadores e assentados da reforma agrária, públicos assistidos nas políticas públicas, que visam promover a inclusão social e produtiva dessas famílias. São mais de 150 mil famílias incluídas no Cadastro Único para os Programas Sociais, destas, 73 mil estão em situação de vulnerabilidade social. Pessoas que vivem na extrema pobreza do meio rural gaúcho.

Além da comprovada prática da extensão rural e social, em 494 municípios do Rio Grande do Sul, com mais de 378 mil estabelecimentos rurais da agricultura familiar e que correspondem a um percentual superior a 27% do PIB gaúcho, a Emater/RS-Ascar apresenta-se como a estrutura de informação mais eficiente para a chegada das informações tecnológicas ao campo, em muitas vezes a única. Com resultados incontestáveis no aumento da produtividade e na melhoria da qualidade de vida das famílias rurais. Tudo isso sem custos para os agricultores, pois os serviços gratuitos são obrigações do Estado e da União.

Quem recebe assistência técnica, as famílias rurais, sabem e reconhecem o valor das ações extensionistas. Por outro lado, entre os consumidores urbanos poucos imaginam ou não se dão conta, que a qualidade da comida diária na mesa depende basicamente da produção dos pequenos agricultores e do trabalho da Emater/RS-Ascar no campo. Se faltar extensão rural vai faltar comida na mesa da população. Falo isso por conhecer a história, não só pela condição de servidor, mas principalmente como cidadão.

A defesa da Emater/RS-Ascar como instituição socioassitencial e a manutenção dos serviços de assistência técnica às famílias do campo é vital para toda a sociedade. A falta dos serviços aos agricultores pode possibilitar um desequilíbrio econômico e, sem nenhum dramatismo, a falência dos núcleos familiares dos gaúchos. Para não chegar a este ponto é necessário uma mobilização constante e o reconhecimento de que a extensão rural é uma causa de todos.


Marco Medronha    mmedronha@hotmail.com