quarta-feira, 16 de setembro de 2015

OS GAÚCHOS E A REVOLUÇÃO FARROUPILHA Peleias no extremo sul do Brasil


Os gaúchos durante a Semana Farroupilha comemoram um dos mais significativos movimentos de revoltas civis do Brasil, lutas que envolveram vários segmentos sociais. Basicamente, relembram a Guerra dos Farrapos contra o Império, de 1835 a 1845. A data de 20 de setembro foi escolhida como marco inicial da revolução, dia em que homens armados, comandados por Gomes Jardim e Onofre Pires entraram em Porto Alegre.

Na nova capital instalada em Piratini foi então proclamada, a República Rio-Grandense. O movimento revolucionário teve como bandeira os ideais liberais, federalistas e republicanos. É nesta época do ano, mês de setembro, que os sentimentos afloram e nos vários municípios do Estado, principalmente onde aconteceram batalhas e fatos marcantes da revolução, homens e mulheres demonstram orgulho de um povo aguerrido.

Além da primeira Capital Farroupilha, importantes batalhas se deram nos municípios do extremo sul do Brasil: Segundo registros históricos do próprio Museu Histórico Farroupilha, em Piratini, a Batalha de Arroio Grande ocorreu a 26 de novembro de 1844, em local próximo ao Arroio Chasqueiro, no então distrito de Arroio Grande que fazia parte de Pinheiro Machado.

Teixeira Nunes e os Lanceiros Negros remanescentes da Batalha dos Porongos foram enviados por David Canabarro para uma ação na retaguarda inimiga. Resultou no massacre do Corpo de Lanceiros Negros de Teixeira Nunes, que estavam acampados na curva do arroio Porongos, no atual município de Pinheiro Machado quando foram atacados pelos imperiais. Em Porongos foi o último confronto da Revolução Farroupilha.

Em Candiota, cruzando o arroio Seival, deu-se outro embate nos campos dos Menezes. A Batalha do Seival teve como objetivo de derrubar o presidente da província, apenas, os revoltosos gaúchos enfrentaram as tropas imperiais. Destacado por Bento Gonçalves, o coronel Neto deslocou-se, no início de setembro de 1836, à região de Bagé, onde encontrava-se o comandante imperial João da Silva Tavares, vindo do Uruguai. A primeira brigada de Neto, com 400 homens, atravessou o arroio Seival e encontrou as tropas de Silva Tavares sobre uma coxilha, com 560 homens. A batalha foi o conflito militar que ensejou a proclamação da República Rio-Grandense por Antônio de Sousa Neto.

As grandes batalhas do passado que aconteceram na região, até hoje inspiram os gaúchos do sul do Brasil. O exemplo de coragem dos Farrapos, parece impregnado nos habitantes, pois apesar das dificuldades enfrentadas em todos os setores, nada está perdido, muito pelo contrário, da perseverança vem a recompensa e a peleia tem que continuar.

Marco Medronha     mmedronha@hotmail.com


sábado, 12 de setembro de 2015

O Rural que abraça uma cidade



Porto Alegre é um município brasileiro e a capital do estado mais meridional do Brasil, o Rio Grande do Sul. A natureza foi generosa com a capital dos gaúchos pintando no mapa ricas paisagens: a planície, onde se espalha a cidade e a vida urbana, o Lago Guaíba, que presenteia a população e seus visitantes com um magnífico por do sol.

Do outro lado uma cadeia de morros moldura a cidade, É também caminho para quem deseja, logo ali, muito perto da área urbana, conhecer a tranquilidade do meio rural, um patrimônio ambiental e cultural do município.

Na vocação agrícola das pequenas propriedades rurais predomina diversificação de culturas. A segurança e soberania alimentar das famílias é garantida pela produção de 32 tipos de hortaliças e 28 tipos de frutas.

A variada produção agrícola do meio rural sustenta a maior feira agroecológica da América Latina, em funcionamento aos sábados na Praça da Redenção. Porto Alegre também é sede da RAMA - Associação dos Produtores da Rede Agroecológica Metropolitana, que é uma Certificadora Participativa de Produtos Orgânicos.

A Zona Rural de Porto Alegre, rica e diversa também protege a cidade dos desastres naturais. A vegetação existente diminui os índices de calor e ajuda na manutenção da umidade do ar, bem como na absorção dos gases, como o dióxido de carbono, emitido pela queima de combustíveis dos veículos.

A gente do meio rural recebe os convidados com afeto e hospitalidade, qualidades inerentes ao homem rural do sul. Os Caminhos Rurais de Porto Alegre oferecem muitas opções de lazer ao ar livre, cavalgadas, trilhas, festas populares e comemorações pela boa colheita.

É preciso manter esta paisagem rural. Fauna e flora, cultivos e criações, agricultores, pescadores e indígenas. Gente que convive em harmonia num território peculiar, formando um mosaico raro que encanta moradores e visitantes. 
Porto Alegre tem um meio rural que abraça a cidade.

Marco Medronha     mmedronha@hotmail.com





terça-feira, 8 de setembro de 2015

Quando a cidade enxerga o campo


Muito mais preocupado com as metas e os resultados a serem alcançados, os habitantes da cidade vivem em busca da produtividade, do lucro e do consumismo. Dia e noite fixados no trabalho perdem com frequência o foco e deixam a vida passar, não percebem que os filhos cresceram sem saber quase nada sobre o universo rural, até mesmo porque eles mesmos desconhecem. Quando chega o período de exposições, principalmente a Expointer, alguns pais urbanos levam os filhos para um passeio na feira, neste dia muitos ficam sabendo que o leite tomado diariamente vem da vaca e não da “caixinha do supermercado”.

É quando a cidade enxerga o campo, ou melhor, do jeito que a mídia vende o rural. Sem querer generalizar, as notícias mais impactantes são os campeões ou as campeãs, a vaca que mais produz leite, o touro mais pesado e valioso, a raças de ovelhas de melhor aptidão, o vencedor do freio de ouro, o faturamento na venda de máquinas dos animais. Reportagens mostram a vida de peão na feira e não nas propriedades, a estética dos bichos ao ingressar na pista, o maior e o menor animal da feira, o modo de vestir dos homens e mulheres “na feira”, uma ou outra novidade de funcionamento da exposição ou de programas governamentais.

Segundo histórico da Expointer, a tradição do Estado em feiras agropecuárias vem desde 1901, quando em pavilhões fechados no Campo da Redenção, hoje área do Parque Farroupilha e do campus central da UFRGS, em Porto Alegre, ocorreu a primeira Exposição de Produtos do Estado. Em 1972, já em Esteio, foi realizada a primeira Exposição Internacional de Animais, a Expointer, com a presença dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Paraná. Países como Canadá, Holanda, França, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Áustria, Suécia, Dinamarca, Bélgica, Uruguai, Argentina e Chile também estavam presentes.

Nos últimos anos na feira, o público de frequentadores pagantes chegou perto de 500 mil, foram arrecadados quase 12 milhões na venda de animais, o setor de máquinas faturou mais de 830 milhões e a agricultura familiar superou 1 milhão em vendas. Estes, embora sejam dignos representantes do campo, não ocupam muito espaço nas divulgações da feira. Sem falar no artesanato rural, nos outros animais e na mostra de serviços essenciais ao meio rural.

Mesmo com números fantásticos e quebra de recordes ano após ano e a visibilidade na mídia, eu chego à conclusão que a cidade ainda não enxerga o campo. Os agropecuaristas persistentes que trabalham sem serem vistos ou aqueles competitivos, que mesmo não ganhando nada estão lá, participando, também estão invisíveis. Para as pessoas da cidade que desejam enxergar o campo, sugiro que façam um roteiro turístico no meio rural aí do seu município. Provavelmente, muitos que trabalham na roça não serão vistos pela falta de inclusão social, mas se quiserem uma referência grandiosa, então visitem a Expointer.



Marco Medronha    mmedronha@hotmail.com