sexta-feira, 6 de março de 2015

Mulheres que tecem


Admiro as mulheres que tecem. Desde o Brasil Colônia, a tecelagem vem se consolidando como uma prática fundamental na economia das pequenas propriedades, especialmente naquelas onde a ovinocultura é a principal atividade. Na maioria das residências dos pecuaristas familiares, a roda de fiar e o tear são instrumentos que, além de produzir as roupas para vestir a família auxiliam no desenvolvimento da sabedoria do artesão ou artesã, enquanto são confeccionadas as peças do artesanato. 

Saber tecer e tingir são conhecimentos seculares que aprimoram o pensamento, na atividade dominada pelas mulheres, são elas que em casa pensam os fatores econômicos, as questões de saúde, a administração do lar, a educação dos filhos e na unidade familiar. Ser uma artesã é ser uma mulher que, no pensar abstrato encontram soluções concretas e abrem infinitas possibilidades de resultados, inclusive econômicos na propriedade.

As mulheres que tecem representam todas, que em qualquer atividade batalham por uma vida melhor, buscam a igualdade de direitos, liberdade de opinião, contra a violência doméstica, que pegam parelho com os homens e ainda com dignidade distribuem amor porque são amáveis por natureza. O valor de tudo isso, algumas vezes não tem reconhecimento dos homens, mesmo quanto possuem uma jornada tripla no trabalho.

Nos eventos agropecuários e nas reportagens rurais produzidas pelo Rio Grande do Sul afora, conheci muitas mulheres que tecem, um dos exemplos está na Zona Sul do Estado, o Fio Farroupilha. É um grupo formado por artesãs do quinto distrito de Piratini e ligado à Associação da Ponte do Império, elas confeccionam peças do vestuário a partir da lã ovina e mostram sua arte de tecer e tingir nos principais eventos da região e do estado, como a Feovelha e a Expointer.

Neste mês de março, quando comemoramos o Dia Internacional da Mulher, nossa homenagem as mulheres que realizam sonhos, que tecem e têm a coragem e a competência de mostrar um trabalho de qualidade para quem quiser ver. Junto a este grupo está também o apoio de instituições fundamentais para o desenvolvimento da cadeia produtiva da ovinocultura, entre elas a Emater/RS-Ascar, Sindicato Rural e Senar.

Aqui, em homenagem as mulheres que tecem, fica uma reflexão da música Felicidade, de Caetano Veloso. “O pensamento não é uma coisa à toa mas como é que a gente voa quando começa a pensar”.

Marco Medronha    mmedronha@hotmail.com

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