sábado, 7 de setembro de 2013

Pombos: Do sagrado ao profano


Ao ver pessoas condenando a presença dos pombos em seus condomínios verticais e a sujeira que eles provocam nos patrimônios públicos, fico pensando nos vários significados e sentimentos que a ave provoca desde a sua existência, durante toda a humanidade. Enquanto no presente os eles são acusados pela transmissão inúmeras doenças como histoplasmose, salmonella e criptococose, no passado a ave possui um ar de sagrado, quando no batismo de Jesus aparece como símbolo da Santíssima Trindade. Para os católicos, a pomba representa o Espírito Santo, a terceira pessoa juntamente com Deus Pai e Deus Filho.

O pombo comum ou pombo doméstico é uma ave da família columbidae, com grande variação de cores. Há poucas diferenças visíveis entre machos e fêmeas. Sua plumagem é normalmente em tons cinza, mais claro nas asas que no peito e cabeça, com cauda riscada de negro e pescoço esverdeado. A pomba branca faz parte do imaginário e representa a paz e muitas histórias no imaginário de reis e rainhas. Representa mais que uma lenda, mas o símbolo de liberdade quando soltas em revoadas ou então santificada quando aparece com um ramo de oliveira no bico.

Em muitos países os pombos são considerados um grave problema ambiental, pois competem por alimentos com as espécies nativas, danifica monumentos com suas fezes e pode transmitir doenças ao homem. Mas atualmente vê-se como exagero esta atribuição de vetor de doenças; como exemplo, o Departamento de Saúde de Nova Iorque não tem nenhum registro de caso de doença transmitida por pombos a seres humanos. De certa forma, esse dado me deixou aliviado porque não era a imagem que tinha sobre os pombos.

Os pombos que aprendi a admirar são aqueles que são tirados das cartolas mágicas ou os que são soltos em revoadas nos eventos esportivos. Além desses, sempre procurei entender a lógica dos pombos-correio. Segundo Marques (1997, p. 359 – 363), uma variedade domesticada do pombo-comum ou pombo-das-rochas (Columba livia). Foi escolhido porque, como todo pombo retorna geralmente a seu próprio ninho e a sua própria mãe, era relativamente fácil produzir seletivamente os pássaros que encontravam repetidamente o caminho de volta em longas distâncias. Os pombos-correios foram usados para carregar mensagens escritas em papel claro fino (tal como o papel de cigarro) em um tubo pequeno unido a um pé; por isso o nome de pombo-correio. 

O problema é que o animal por vezes idolatrado e respeitado como símbolo do sagrado e que tem nos penhascos seu habitat natural, invade as cidades do mundo inteiro e se reproduz em qualquer época do ano, com grande potencial de multiplicação. Até pouco tempo, havia uma certa tolerância aos pombos em pontos turíscos das grandes cidades, mas a fama de sujão e transmissor de várias doenças vem trazendo uma certa repugnância a presença dos pombos. Entre o sagrado e o profano, prefiro acreditar que os pombos ainda são as vítimas do desequilíbrio ambiental e do entendimento equivocado dos seres humanos.


Marco Medronha      mmedronha@hotmail.com

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