Nos caminhos de várias
propriedades rurais de municípios como Canguçu, Piratini, Herval, Pinheiro
Machado, Pedras Altas, Pedro Osório, Cerrito, Arroio Grande, Jaguarão e outras
tantas localidades da Zona Sul do Estado, é comum ver famílias tecendo fios e
fazendo do artesanato em lã muito mais do que uma fonte de renda, mas sim encontrando
na atividade formas de terapia e uma maneira de serem incluídas socialmente.
Vejo em um “novelo de lã”,
um emblema de virtudes e oportunidades para muitos pecuaristas familiares desta
região. Para chegar à condição de estar ali, enroladinho e pronto para a
transformação, o novelo teve um passado de trabalho e dedicação dos autênticos
pastores do sul do Brasil. Pois, eles seguiram o dom dos ancestrais e continuaram
o legado de fazer do pampa, um lugar para criar ovelhas, ter carne de qualidade
e tirar a lã para tecer os fios, que irão virar peças do vestuário usadas por
grande parte dos gaúchos.
Nesta atividade de tecer os
fios, estão principalmente as mulheres do meio rural, as artesãs encontraram
nos novelos de lã, a oportunidade de mostrar seu valor na propriedade.
Primeiro, elas sensíveis e boas estrategistas que são, foram se organizando em
grupos, saindo para feiras e exposições com a finalidade de mostrar e vender
suas peças. Os homens pagaram para ver e viram, em pouco tempo o artesanato
segurava as pontas na propriedade rural e, muitas vezes tornou-se a principal
fonte de renda.
O certo é que as famílias
que se dedicaram a ovinocultura e não esmoreceram diante das dificuldades
encontraram a fórmula do “novelo de lã”, eles souberam dar valor ao trabalho
agregado e apostaram na criatividade que vem da arte de tecer. Enquanto as
agulhas se entrelaçam na construção de novas peças, o pensamento voa. Acho até
que famílias artesãs, inconscientemente, praticam uma das lições deixadas por
Charles Chaplin: “A persistência é o menor caminho do
êxito”.
Marco Medronha mmedronha@hotmail.com
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