domingo, 14 de julho de 2013

Novelo de lã


Nos caminhos de várias propriedades rurais de municípios como Canguçu, Piratini, Herval, Pinheiro Machado, Pedras Altas, Pedro Osório, Cerrito, Arroio Grande, Jaguarão e outras tantas localidades da Zona Sul do Estado, é comum ver famílias tecendo fios e fazendo do artesanato em lã muito mais do que uma fonte de renda, mas sim encontrando na atividade formas de terapia e uma maneira de serem incluídas socialmente.

Vejo em um “novelo de lã”, um emblema de virtudes e oportunidades para muitos pecuaristas familiares desta região. Para chegar à condição de estar ali, enroladinho e pronto para a transformação, o novelo teve um passado de trabalho e dedicação dos autênticos pastores do sul do Brasil. Pois, eles seguiram o dom dos ancestrais e continuaram o legado de fazer do pampa, um lugar para criar ovelhas, ter carne de qualidade e tirar a lã para tecer os fios, que irão virar peças do vestuário usadas por grande parte dos gaúchos.

Nesta atividade de tecer os fios, estão principalmente as mulheres do meio rural, as artesãs encontraram nos novelos de lã, a oportunidade de mostrar seu valor na propriedade. Primeiro, elas sensíveis e boas estrategistas que são, foram se organizando em grupos, saindo para feiras e exposições com a finalidade de mostrar e vender suas peças. Os homens pagaram para ver e viram, em pouco tempo o artesanato segurava as pontas na propriedade rural e, muitas vezes tornou-se a principal fonte de renda.

O certo é que as famílias que se dedicaram a ovinocultura e não esmoreceram diante das dificuldades encontraram a fórmula do “novelo de lã”, eles souberam dar valor ao trabalho agregado e apostaram na criatividade que vem da arte de tecer. Enquanto as agulhas se entrelaçam na construção de novas peças, o pensamento voa. Acho até que famílias artesãs, inconscientemente, praticam uma das lições deixadas por Charles Chaplin: “A persistência é o menor caminho do êxito”.



Marco Medronha     mmedronha@hotmail.com

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