quarta-feira, 31 de julho de 2013

A imitação da vida

Foto: Linda Tiepelman

Cada vez fico mais convencido de que as respostas que precisamos para os problemas da vida contemporânea encontram soluções nos milhões de exemplos mostrados pela natureza. E não estou me referindo somente às conseqüências para a saúde, como o consumo inadequado de alimentos, a intoxicação por venenos, o uso de drogas sintéticas, estresse ou outros males da vida moderna. Falo de uma ciência que tem como objetivo estudar as estruturas biológicas e suas funções, a qual procura aprender com a natureza através de observações, estratégias e busca de soluções.

A biomimética é uma recente área do estudo científico que provém da combinação de duas palavras gregas bíos, que significa vida e mímesis que significa imitação. De forma direta podemos dizer que é o domínio do estudo que promove a imitação da vida. Sem mesmo que nos demos conta, a ciência está presente nas tecnologias inovadoras que experimentamos ou vivenciamos. Quando nos deslumbramos com uma obra fantástica da arquitetura em forma de espiral, caracol ou cupim, lá está a ciência que imita a vida. 

As abelhas e suas formas organizativas deram origem às conexões dos computadores, as asas do beija-flor inspiraram as hélices dos helicópteros e por aí se vão inúmeros exemplos. Muitos outros produtos criados a partir das observações da natureza trouxeram avanços inestimáveis à medicina, por exemplo. Um deles é o biofilme, tecido inspirado na pele do tubarão que evita a infecção hospitalar. Outros exemplos, alguns que conhecemos bem estão em destaque:
Velcro - Desenvolvido a partir de 1941, pelo engenheiro George de Mestral a partir da observação de sementes de grama dotadas de espinhos e ganchos que se prendiam nos pelos de seu cão; 
Superfícies de baixo atrito - Inspirada na forma como a pele dos peixes reage ao contato com a água, essa tecnologia, aplicada ao seu traje de natação, ajudou o nadador Michel Phelps, em suas conquistas nas piscinas. A mesma tecnologia tem sido aplicada também em cascos de navios, submarinos e mesmo aviões; 
Telas "asa-de-borboleta" - São superfícies de visualização de baixíssimo consumo de energia, baseadas na forma como as asas de borboletas refletem a luz; 
Efeito lótus - Baseado na forma como as folhas do Lótus repele a água e a sujeira, diversos produtos estão sendo desenvolvidos na indústria para aplicação em tecidos, metais, pára-brisas e faróis de automóveis.

Estes, embora valiosos, são pouquíssimos exemplos diante do gigantesco potencial que a biomimética tem para oferecer como resultados. Existe na natureza trilhões de espécies das quais menos de dois milhões foram catalogadas até agora. Então eu pergunto: Se nos sistemas biológicos são encontrados as resoluções de problemas da engenharia, da física, da química, da arquitetura, da informática, porque  os avanços da tecnologia na produção de alimentos imitam tão pouco a natureza? 

Marco Medronha   mmedronha@hotmail.com


sábado, 27 de julho de 2013

Obrigado agricultor!


Os agradecimentos deveriam começar logo pela manhã ao sentir o cheirinho de café passado na hora e aquele pão quentinho com a manteiga derretendo sobre ele. Hummm... Que delícia! Com os sentidos aguçados saboreamos a primeira refeição do dia e saímos apressadamente para o trabalho sem ao menos lembrar que por traz daquela primeira e necessária alimentação, está o trabalho de um agricultor.

O dia continua e gastamos energias no escritório, nas fábricas, no comércio, na construção civil, nas plataformas de petróleo, nas academias, nas escolas, no esporte, na balada, no trânsito, no legislativo, no executivo, no congresso, na carga e descarga de alimentos... E nem mesmo neste momento, na hora do almoço, lembramos de agradecer a quem de direito, pelo feijão, arroz, ovo, carne, hortaliças e frutas, óleos e temperos que degustamos e nos regozijamos diariamente.

A noite ainda não chegou e já estamos pensando na janta, a última refeição do dia. Pode ser algo leve como uma sopa de legumes, um churrasco entre amigos depois jogo de futebol ou apenas uma pizzaria pra comemorar os resultados do trabalho, ou ainda, um chopp com colegas para desopilar e jogar conversa fora. Lugares onde se fala de tudo, mas não lembramos jamais que por traz muitos momentos nossos de prazer e felicidade está o trabalho de um agricultor.

Não preciso dizer que o agricultor é uma figura estereotipada como alguém sem cultura, que trabalha na roça e muitas vezes é motivo de chacota na cidade. Mas chamamos de agricultor, aquele que prática a agricultura e pecuária e que produz alimentos para nutrir as populações. Desta forma, o valor do trabalho do agricultor deve ser, no mínimo ensinado às nossas crianças, para que elas não cresçam pensando que leite e ovos saem das caixinhas e, que o arroz e feijão vêem das prateleiras dos supermercados.

Em 28 de julho, dia do nosso agricultor é fundamental que tenhamos consciência da importância dessa figura humana em nossas vidas e, que saibamos valorizar e agradecer quem está nesta profissão. Afinal, pelo menos uma vez no ano precisamos de um médico, um advogado, um arquiteto, do dentista, do taxista ou do enfermeiro, por exemplos. Mas, três vezes por dia precisamos de um colono agricultor.



Marco Medronha     mmedronha@hotmail.com

domingo, 14 de julho de 2013

Novelo de lã


Nos caminhos de várias propriedades rurais de municípios como Canguçu, Piratini, Herval, Pinheiro Machado, Pedras Altas, Pedro Osório, Cerrito, Arroio Grande, Jaguarão e outras tantas localidades da Zona Sul do Estado, é comum ver famílias tecendo fios e fazendo do artesanato em lã muito mais do que uma fonte de renda, mas sim encontrando na atividade formas de terapia e uma maneira de serem incluídas socialmente.

Vejo em um “novelo de lã”, um emblema de virtudes e oportunidades para muitos pecuaristas familiares desta região. Para chegar à condição de estar ali, enroladinho e pronto para a transformação, o novelo teve um passado de trabalho e dedicação dos autênticos pastores do sul do Brasil. Pois, eles seguiram o dom dos ancestrais e continuaram o legado de fazer do pampa, um lugar para criar ovelhas, ter carne de qualidade e tirar a lã para tecer os fios, que irão virar peças do vestuário usadas por grande parte dos gaúchos.

Nesta atividade de tecer os fios, estão principalmente as mulheres do meio rural, as artesãs encontraram nos novelos de lã, a oportunidade de mostrar seu valor na propriedade. Primeiro, elas sensíveis e boas estrategistas que são, foram se organizando em grupos, saindo para feiras e exposições com a finalidade de mostrar e vender suas peças. Os homens pagaram para ver e viram, em pouco tempo o artesanato segurava as pontas na propriedade rural e, muitas vezes tornou-se a principal fonte de renda.

O certo é que as famílias que se dedicaram a ovinocultura e não esmoreceram diante das dificuldades encontraram a fórmula do “novelo de lã”, eles souberam dar valor ao trabalho agregado e apostaram na criatividade que vem da arte de tecer. Enquanto as agulhas se entrelaçam na construção de novas peças, o pensamento voa. Acho até que famílias artesãs, inconscientemente, praticam uma das lições deixadas por Charles Chaplin: “A persistência é o menor caminho do êxito”.



Marco Medronha     mmedronha@hotmail.com

sábado, 6 de julho de 2013

Família: O conceito gerador de resultados

oglobo.globo.com

Um exemplo recente sobre os resultados da utilização do conceito de “família” foi a recuperação de prestígio do futebol brasileiro com o título da Copa das Confederações, um torneio organizado pela Fifa, de quatro em quatro anos, onde os participantes são os seis campeões continentais, mais o país sede da Copa do Mundo e o último campeão mundial, perfazendo um total de oito países. A copa deste ano, 2013, foi vencida de forma incontestável pela nossa seleção, graças à capacidade de formar grupo do gaúcho Scolari.

Felipão, como é conhecido carinhosamente pelo povo brasileiro, adotou uma postura de paizão, mas um pai de família zeloso que cuida de todos os detalhes que podem fazer um grupo vitorioso. Por exemplo, oportunidades iguais para aqueles que estão merecendo; elogios em público para incentivar quem trabalha bem; chamar para uma conversa reservada quem precisa render mais; não expor seus filhos e protegê-los sempre dos ataques maldosos ou especulações; ensinar lições de patriotismo, como saber cantar o hino nacional; Tirar lições nas derrotas e ser humilde nas vitórias; entre outros tantos aconselhamentos familiares.

Assim como nosso técnico estrategista, existem inúmeras empresas rurais e urbanas, que aplicam os conceitos de base familiar, onde o compromisso de todos é fundamental. O ataque ajuda a defesa e esta também se soma ao ataque, todos zelam por seus setores, pois sabem que os resultados viram se cada um der o melhor de si. O que digo parece discurso pronto dos jogadores de futebol, em suas entrevistas, mas sei que nem sempre a fala condiz com a realidade dos bastidores. A prática deve ser coerente com o discurso e falar com firmeza e carinho, parece ser um rumo a ser seguido por dirigentes de empresas familiares, em qualquer setor.

No conceito familiar devemos lembrar sempre dos consumidores, pois é deles que depende o sucesso do nosso negócio. No caso do futebol, Felipão, em suas entrevistas, lembrou das manifestações de apoio da torcida à Seleção Brasileira e repartiu com sua comissão técnica as glórias recebidas por suas vitórias.  Da mesma forma o produtor, cidadão ou empresário de um empreendimento familiar deve lembrar que, os resultados positivos vêem de aconselhamentos técnicos que temos pela vida. Pode ser um amigo, uma instituição ou mesmo alguém da família que passou pela experiência.

O conceito de família é gerador de resultados e com ele é possível ganhar uma nação.


Marco Medronha      mmedronha@hotmail.com