sábado, 25 de julho de 2015

Da porteira para dentro


Muito tem se falado sobre os problemas dos pequenos agricultores ou da agricultura familiar, onde as instituições indicam soluções ligadas ao desenvolvimento pela ótica do mercado, as quais geralmente são baseadas em projetos e programas que não refletem a realidade, pois são criados por estudiosos de gabinete e estão ligados aos fatores externos, os quais nem sempre dialogam com as barreiras existentes da porteira para dentro.

O certo é que há décadas, os mais de 13,5 milhões de pequenos agricultores na América Latina vivem uma realidade parecida e enfrentam muitos problemas e dificuldades, na maioria internos, e cuja a solução está ao alcance das famílias rurais. Pela lógica, toda a mudança deveria acontecer de dentro para fora e por isso se faz necessário resolver questões culturais, históricas e educacionais como forma de alcançar a organização do seio familiar, na comunidade e depois para fora da propriedade.

Historicamente os problemas internos crônicos tem sido ignorados e por vezes minimizados por aqueles que tem por obrigação, olhar pelas pessoas do campo. Digo isso porque a culpa não está somente com os pequenos agricultores, quem interage com as famílias deveria ao menos ouvir e tentar ajudá-los. É também uma obrigação do Estado oferecer possibilidades que possam elevar a auto-estima, a confiança e o reconhecimento pelo agricultor na sua missão de produzir alimentos. 

Cursos de formação que visem identificar as causas internas que prejudicam o desenvolvimento humano, parece ser um bom caminho. A necessidade de promover capacitações que tratem de temas enraizados nas comunidades rurais precisam de abordagem, como por exemplo, as questões de gênero. O autoconhecimento e a conscientização sobre o meio e as coisas que cercam os fatores de produção merece tratamento por gente especializada.

Antes mesmo de ensinar técnicas de plantio, colheita e comercialização temos que cuidar das pessoas. Fazer chegar os recursos financeiros primeiro é colocar a “carreta na frente dos bois”, como diz o ditado. Existe muito espaço para trabalhar a organização familiar, o planejamento das atividades, o sentido cooperativo, associação para o trabalho, lazer e convívio social.


Marco Medronha    mmedronha@hotmail.com 

Nenhum comentário:

Postar um comentário