Quem mora no campo conhece bem a figura da porteira, as vezes imponente outras modesta, em sua estrutura de madeira ou ferro, ela serve geralmente para guardar entradas na propriedades rurais. Desde dos tempos mais antigos, a finalidade de uma porteira ou cancela é de forma simplista controlar o trânsito de pessoas, veículos e do gado no curral, já que também pode abrir e fechar para o manejo dos animais na pecuária.
Esta invenção milenar pouco evoluiu com o tempo, pois embora os “meninos” tenham se tornado homens, a porteira continua no campo com sua forma bastante rústica de produção e operação, apenas os calouros ou iniciantes no convívio rural encontram dificuldades para abrir uma porteira ou cancela. Mesmo com suas trancas a função de proteção à propriedade apresenta pouca resistência. Porém, a sensação de abrir uma é diferente para cada pessoa ou situação.
Na vida encontramos muito mais porteiras do que podemos imaginar e se pararmos um pouco para pensar abrimos e fechamos porteiras todos os meses, todas semanas, todos os dias, todas as horas, minutos e até em segundos. As decisões fazem parte do nosso cotidiano e são como porteiras que poderão fechar-se para sempre ou manterem-se abertas, gerando tantas oportunidades quantos forem os acertos e, disso depende nossas atitudes em relação ao próximo.
Muitas vezes, sem que percebamos somos as próprias porteiras ou cancelas. Talvez cancelas, quando nossas atitudes se tornam complexas e as relações indiferentes, quando não valorizamos pequenas ações daqueles que estão próximos, aí provavelmente estaremos fechando cancelas. Acho melhor ser uma porteira composta, de duas folhas, com palanques definidos, em madeira duradoura, como a aroeira, com dobradiças flexíveis e trancas para dar segurança e passagem, quando necessário.
Porteira ou cancela são mais do que ritos de passagem, elas não são apenas estruturas físicas das propriedades rurais e sim, também estão presentes no cotidiano de nossas vidas. Elas estão no imaginário dos seres tidos como racionais e podem representar passagens fáceis, complicadas e concretas. Acredito que o importante é estar “aberto”, enfrentar os desafios com coragem e entender que as porteiras fazem sentido quando não se fecham à mediação com as pessoas.
Marco Medronha mmedronha@hotmail.com
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