quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Ovelha não é pra mato

Ao percorrer um eixo formado pelos municípios de Herval, Pedras Altas e Pinheiro Machado é possível encontrar histórias de superação dos ovinocultores, os quais realizam um trabalho de perseverança na manutenção de um dos principais berços do rebanho ovino no Rio Grande do Sul. Entre grandes e pequenos criadores existem práticas comuns e necessárias para garantir a qualidade dos produtos que se diversificam desde a carne na culinária até o artesanato em lã.

Durante a visita em algumas propriedades, com o objetivo de conhecer o trabalho dos pecuaristas e as características da região, encontramos o rebanho ovino refugiado nas matas. Provavelmente, os animais estavam fugindo do forte calor que fazia naquela semana, logo lembrei de um tradicional ditado, muito conhecido entre os criadores: “Ovelha não é pra mato”. Certamente eles faziam referencia a necessidade de pastoreio dos animais nos campos abundantes da região, os quais apresentam centenas de espécies nativas palatáveis e favoráveis ao desenvolvimento dos rebanhos.

Todo pecuarista sabe que numa propriedade bem sucedida, todos os espaços possuem sua importância e finalidade. A função da mata preservada promove o equilíbrio da flora e fauna, além de servir de abrigo aos animais. Embora ali na mata não exista alimento suficiente para o pastoreio dos animais, pode ser um excelente ar condicionados para as ovelhas e seus pesados casacos de lã.

Alguns “ditos populares” parecem ficar gravados na nossa memória e soam como definitivo e nós, inconscientemente passamos a aceitá-los como verdades. Assim como no caso das “ovelhas não é pra mato”, algumas vezes, nós humanos, passamos a acreditar que nossos desejos não nos pertencem e deixamos de lutar por nossos sonhos. Os trabalhadores persistentes da ovinocultura podem buscar no seu campo de trabalho, o conforto e o equilíbrio que as matas proporcionam e, isso pode ser alcançado através de um insumo valioso a todos, a informação.

No caso dos pecuaristas familiares sair do seu reduto para trocar idéias e conhecer outras técnicas e realidades diferentes pode significar um ganho financeiro e intelectual. Encontros em eventos como a Feovelha, de Pinheiro Machado, é uma grande oportunidade para ver de perto as tecnologias para o setor, através de vários métodos como oficinas, palestras, seminários, concursos e outros meios capazes de proporcionar a inclusão em um espaço melhor de produção.

Ao voltar para a propriedade, o ovinocultor poderá perceber que ovelha pode entrar no mato quando necessitar de refúgio e que ele, deve sair dele com freqüência, a fim de acreditar em suas potencialidades.


Marco Medronha   mmedronha@hotmail.com

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