domingo, 15 de dezembro de 2013

Tempos de fraternidade

 
Nesta semana, o mundo presenciou momentos de fraternidade entre as nações. Após a morte do líder sul africano, Nelson Mandela, as diferenças entre as pessoas e as ideologias impregnadas dos povos e de líderes mundiais, se renderam ao silêncio, agora eterno de “Madiba”, símbolo da luta contra o preconceito, a discriminação racial. A maior personalidade do século XX, mesmo no momento de sua partida foi capaz de proporcionar a humanidade imagens jamais vistas.

O Estado brasileiro foi protagonista de uma cena rara, a presidente Dilma Rousseff e mais quatro ex-presidentes, José Sarney, Fernando Collor, Luis Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso posaram para a fotografia, lado à lado, na formação da comitiva do Brasil que viajou a Joanesburgo, para o último adeus a Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul e ganhador do Prêmio Nobel da Paz, em 1993. Mandela morreu em 05 de dezembro e foi sepultado em Soweto, cidade símbolo do foco de resistência anti-racista e de protestos dos negros contra a política oficial de discriminação racial.

O exemplo de Mandela foi sempre baseado no diálogo e na exposição clara das ideias, sem jogo político de ataque aos adversários, sem estratégias de conchavos políticos para vencer, com muito respeito as pessoas e a igualdade entre todos os seres humanos. As mensagens de reconciliação entre as comunidades e o reconhecimento do outro como gente capaz de agregar para vencer as dificuldades, resgatam valores difíceis de serem comprovados na prática de governos brasileiros. No discurso e na teoria todos são democráticos. O caso da imagem da comitiva brasileira gera dúvidas sobre o que ela realmente que dizer. Será o efeito Mandela inspirando procedimentos?
Ou quem sabe o espírito natalino? Ou...

Outra cena histórica presenciada em Soweto, por centenas e milhares de sul africanos, foi o aperto de mão entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama e o presidente de Cuba, Raul Castro. Há mais de 50 anos os dois países vivem uma relação muito tensa, mas o legado democrático de Mandela possui o poder incrível de unir as nações e diminuir as diferenças. No caso considero a imagem mais relevante que a dos presidentes brasileiros perfilados, a imagem de Obama e Castro aconteceu um aperto de mão, aparentemente mais representativo.

Pelo menos, os políticos brasileiros, América do Norte e Central souberam demonstrar ao mundo imagens de civilidade. Desejamos que os exemplos de comportamento digno, com ou sem jogo de cena, sirvam de exemplo para a triste realidade das torcidas organizadas do futebol brasileiro. Deixo como exemplo as recordações que guardo da última Copa do Mundo, no País de Mandela, na África do Sul. Todos juntos e misturados torcendo para times diferentes. O jogo precisa ser jogado com respeito ao ser humano e ao sentimento do próximo. Não precisa ser encenado quando este estiver próximo.


Marco Medronha    mmedronha@hotmail.com

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