quinta-feira, 30 de maio de 2013

Mãe desnecessária







"Dê a quem você Ama :
- Asas para voar...
- Raízes para voltar...
- Motivos para ficar... "  Dalai Lama





Numa tarde de sexta-feira, quase noitinha, cheguei em minha casa e antes de ligar o computador para verificar recados nas redes sociais, coloquei a água para esquentar a fim de tomar um chimarrão daqueles macanudos... Com a água no ponto (16 bolinhas mais ou menos). Quando a tela abriu dei de cara com o texto postado por Dora Paines Gaudioso, minha querida amiga, prima, irmã ou outra relação de identidade muito próxima, que temos com aquelas pessoas especialíssimas. O texto estava escrito assim:

“A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo. Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou estranha. Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar a supermãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara.

Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.
Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também. A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho.

Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.

Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar”. Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres. Esse é o maior desafio e a principal missão.

Lembram da água que havia colocado para o chimarrão? Pois é, ferveu. Quando passamos do ponto com os filhos é assim: A gente fica tomando mate com água quente demais, a erva fica ruim e sem gosto.

Estou contigo Dorinha, não deixe a água ferver, se esquentar muito, abra a tampa para esfriar e oxigenar... Enquanto isso, reformulemos conceitos, pensamentos ou coloquemos outra água no fogo para oferecer o melhor mate quando necessário.



Marco Medronha                    mmedronha@hotmail.com






sábado, 25 de maio de 2013

O trigo e o joio

Em todas as classes sociais, segmentos ou outras tipificações que o homem atribuiu para separar as pessoas existem gente do bem e outras que não tiveram oportunidade de tornar-se, ou nasceram em ambientes desfavoráveis para tal. Na história da humanidade muitos foram as personagens que ficaram marcados por maldades e atrocidades que cometeram contra seus semelhantes. Assim, desde que o mundo é mundo existem pessoas misturadas, praticando o bem ou fazendo maldades, algumas fazendo muito e outras nada.

No meio rural também isto é perfeitamente identificável, enquanto alguns fazem de tudo para manter a dignidade e cumprir sua missão no mundo de sobreviver no campo produzindo alimentos, outros vivem na contramão do processo: trabalham pouco ou quase nada, pegam recursos públicos e não aplicam na produção e ainda se dizem perseguidos pelo sistema. Assim como o trigo e o joio, eles estão misturados, o ruim convive com o bom e se aproveita da semelhança para tirar vantagens.

Creio que a maioria entre os leitores conhece a parábola do “Trigo e o Joio”, uma das célebres parábolas de Jesus que aparece num dos evangelhos canônicos do Novo Testamento. De acordo com Mateus 13:24 – 30 durante o Juízo Final, os anjos vão separar os “filhos do maligno” (o joio ou ervas daninhas) dos “filhos do reino” (o trigo). Algumas traduções dão conta de que o “joio” é um tipo de azevém que se parece muito com o “trigo” em seus estágios iniciais de crescimento.

Acredito realmente que somente os anjos possuem o poder para separar o trigo do joio. Nós, entre os homens, na nossa realidade temos como dever continuar trilhando o caminho do bem. Santo Agostinho destacou a distinção invisível e disse “Eu vos contarei uma verdade, meus queridos, mesmo nos mais altos cargos há tanto trigo quanto joio e entre os leigos há trigo e joio. Que o bom tolere o mau; que o mau se transforme e imite o bom”.

Interpretações a parte, entendo que não cabe a nós julgar ou simplesmente retirar os maus do convívio, pois é salutar que continuemos no bom caminho.  Quem sabe, talvez praticando o bem e dando  exemplos, a gente do trigo possa influenciar a turma do joio e todos possam fazer parte de uma grande colheita.



Marco Medronha      mmedronha@hotmail.com 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

A tecnologia para o bem


  
Desde o início da humanidade a tecnologia é a ferramenta encontrada para facilitar e melhorar a vida das pessoas. Mesmo na pré-história, o homem já  procurava criar formas de sobrevivência, utilizando materiais líticos para confecção de armas de caça ou outros utensílios de pedra, material mais trabalhado no início pelo homem primitivo. O tempo da “pedra lascada” tornou-se um símbolo do atraso ou de algo ultrapassado na modernidade, mas na verdade, a tecnologia tem seu valor em cada período histórico, haja vista a invenção da roda, considerada por muitos como a maior inovação de todos os tempos.

Conceitualmente e de forma geral a tecnologia é o encontro entre a ciência e a engenharia. O termo inclui desde processos simples, como escolher a época mais indicada para colheita dos frutos ou momento adequado para o corte da madeira,  até outros mais complexos como o funcionamento de uma estação meteorológica ou mesmo de um centro espacial. Qualquer que seja a solução encontrada, todas são alternativas para resolver algum tipo de problema. Porém existem aqueles que utilizam as invenções do bem para fazer o mal, ignorando totalmente a finalidade para a qual estas foram criadas.

No que se refere as tecnologias para o meio rural, vem em minha lembrança, de imediato,  as pesquisas da Embrapa. Uma empresa genuinamente brasileira que está completando 50 anos com efetivas contribuições, em todas as áreas do cenário agropecuário. Os pesquisadores geram, em sua essência  a tecnologia do bem, pois são conhecimentos, métodos, técnicas, materiais, ferramentas e processos utilizados para resolver problemas e auxiliar na solução dos principais  dificuldades enfrentadas pela população rural.

As tecnologias geradas pela pesquisa agropecuária possuem reflexos diretos na vida da família rural e mesmo que não percebamos, muito da qualidade dos produtos que consumimos diariamente tem o trabalho intrínseco dos pesquisadores da Embrapa. 

Os recursos utilizados pelos agricultores podem representar muito mais do que um mero auxílio na solução dos problemas, mas uma grande oportunidade de geração de renda e melhoria da qualidade de vida. Fato que atinge na plenitude o objetivo da tecnologia e o seu compromisso com a sociedade: As tecnologias podem trazer benefícios para as pessoas da invenção da roda até a inovação dos aparelhos eletrônicos, desde que contribuam para melhorar as potencialidades dos seres humanos.

Marco Medronha      mmedronha@hotmail.com

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Tributo merecido



O tributo feito ao padre Caponi, da Colônia Maciel foi um dos raros momentos, em que pude presenciar, o exemplo de integração entre um benfeitor e sua comunidade. Foi numa tarde ensolarada do dia 19 de abril, de 2013, que o padre Armindo Luis Caponi, na Colônia Maciel recebeu o Prêmio Betinho – Atitude cidadã. O “padre Caponi”, como é conhecido na comunidade, representou Pelotas/RS, na quinta edição do prêmio organizado pelo Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida – COEP e Rede de Mobilizadores.

Com a indicação da equipe municipal da Emater/RS, o padre Caponi foi o primeiro ganhador do prêmio nacional, na condição de representante do meio rural, por suas ações em benefício às famílias em situação de vulnerabilidade social. Dentre as ações desenvolvidas, participou da criação da Cooperativa dos Apicultores e Fruticultores da Zona Sul (CAFSUL); prestou serviços de saúde para as famílias da região; colaborou na implantação do Programa Luz para Todos, com o objetivo de acabar com a exclusão elétrica no país. Atualmente desenvolve atividades para a inclusão social de comunidades indígenas e quilombolas; além de estimular a realização de feiras livres, para os agricultores familiares venderem seus produtos livres de agrotóxicos.

Como dizem aqui em Pelotas: “Merece” e, merece muito... Padre Caponi, com seus cabelos brancos, ainda é o benfeitor da Colônia Maciel, com atos e atitudes que não constam na lista de ações que o tornou vencedor, nela estão contidos inúmeros conselhos individuais e comunitários; realizações de batizados e casamentos; organização da comunidade para facilitar o trabalho de pesquisa e extensão rural com os produtores de pêssegos e uvas; mentor da Rádio Comunitária, a segunda emissora no Estado, criada dentro da legalidade e no meio rural.

Nesta sexta-feira, no “Dia do Índio” (19/04), também era o “Dia do Padre Caponi”, lá estavam os indígenas, os quilombolas, os agricultores familiares, os comerciantes, as instituições, todos que fazem parte de uma comunidade. Esta, por sua vez fez questão de retribuir com palavras e melodias de gratidão para aquele que, através do trabalho voluntário ensinou a todos o valor da união e do amor ao próximo.
 “Só a participação cidadã é capaz de mudar o país”. Betinho


Marco Medronha      mmedronha@hotmail.com

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Tributo que ninguém merece



A organização das Nações Unidas deveria fazer uma homenagem ao “povo brasileiro”, um tributo da humanidade “as pessoas de um país que mais que mais pagam impostos no mundo”. Algo que fosse como um prêmio de reconhecimento a capacidade que temos de trabalhar o ano inteiro, de ter descontado na fonte para o imposto de renda e, se o governo ainda não estiver satisfeito, pagar mais uma vez, até alcançar o humilhante taxa de quase 1/3 dos salários ganhos durante o ano..

Podem mandar me prender, mas o que fazem conosco é um roubo descarado ao trabalhador. Nosso povo além de ser lesado, ainda tem que ver na imprensa o Supremo Tribunal Federal condenar por roubo, formação de quadrilha, desvios milionários de dinheiro e outras falcatruas, mas nada acontece... Os condenados pela justiça ainda continuam ocupando altos cargos e dando as cartas. Em nome da democracia e do direito os acusados ainda recorrem das decisões, em estâncias suficientes para perpetuação no poder. Enquanto, os trabalhadores brasileiros não têm saída. São “obrigados” a pagar sob pena de terem sua vida muito complicada.

O tributo que ninguém merece é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. O mais terrível é a bocada do leão, tributo que é a obrigação imposta a pessoas físicas e jurídicas de recolher valores ao Estado. Apropriação do nosso dinheiro é antiga, pois a expressão “Quinto dos Infernos”, no quinto (20%) que os brasileiros pagavam de tributos à Portugal, pela extração das riquezas naturais (pau Brasil, cana de açúcar, ouro e etc). A indignação do povo é mais antiga ainda. Quem não lembra da expressão bíblica “Daí a César o que é de Cesar”, dita por Jesus ao povo Judeu?
A desculpa esfarrapa para a cobrança de impostos é que os tributos são necessários para formar a receita da União, Estados e Municípios. Tudo bem, mas que façam logo a tal “Reforma Tributária”, em nome dela muitos foram eleitos e a dita cuja não sai do papel. Gente... Vamos nos indignar um pouquinho que seja, dêem ao Governo o que é do Governo, não caiam em falsas promessas, falem sobre isso o ano todo e não só no final de abril, cobrem de seus políticos, usem as redes sociais e se for preciso participem de movimentos e saiam às ruas.

Você sabe quanto paga de impostos? Se não sabe tenha uma idéia sobre o que pagamos. Visite o site www.impostometro.com.br, nele ficarás sabendo o que pagamos no período, no dia, por minuto, por segundo e por habitante. Os números são surpreendentes. Por exemplo, com o dinheiro arrecadado com impostos, dá para contratar por ano, até o momento que terminei de escrever este texto (17h do dia 29/04): - 35.354.502 policiais; 42.668.641 professores do ensino fundamental ou ainda 6.185.257 km de rede de esgotos. Somente com esses recursos revertidos teríamos mais segurança, mais educação e melhores condições de saúde. Isto seria no mínimo, o tributo que merecemos.

Marco Medronha     mmedronha@hotmail.com