sexta-feira, 21 de março de 2014

Safras frustradas

Foto: Deise Froelich

O trabalho no campo é notadamente, uma atividade de risco onde o agricultor sempre paga para ver. Os principais custos de produção para dar início a um cultivo são os gastos com sementes, fertilizantes e adubos. Depois vêm os tratos culturais, prevenção ao ataque de pragas, controle de doenças e quando está pronto para colher fica sujeito ao preço fixado pelo mercado ou na mão de compradores, que quase sempre pagam muito menos, deixando uma margem de lucro minguada ou quase nenhuma.

Depois de se submeter a todos estes fatores de produção, o trabalhador rural ainda está sujeito a uma variável incontrolável, o clima. Em todo o País, as variações climáticas configuradas por chuvas em excesso, estiagens prolongadas, altas temperaturas, quedas de granizo, geadas e outros eventos da natureza deixam marcas profundas. As frustrações de safras sucessivas também são responsáveis pelo êxodo rural e o abandono das atividades.
Produtores rurais da nossa região passam atualmente por muitas dificuldades. 

Nos municípios de Tavares, São José do Norte e Rio Grande, a cultura da cebola, por sucessivas safras acumula prejuízos pela desorganização do setor e por fatores climáticos adversos, como o calor excessivo somado as chuvas. Os pescadores de camarão das nossas Colônias, também remam contra a maré, por anos a fio. Nesta safra, o crustáceo não apresentou tamanho suficiente para a captura e comercialização.

Aqueles que aderiram o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) ou programas oferecidos por seguradoras privadas conseguem minimizar os prejuízos. Contudo, no momento do pagamento das indenizações é comum que o valor esteja em desacordo com as condições estabelecidas pelos programas.

Os mecanismos existentes de apoio as famílias, tanto judiciais quanto governamentais, não são ágeis o suficiente para situações emergenciais. Quase sempre, as famílias após frustrações de safras estão descapitalizadas e os recursos chegam atrasados. Enquanto isso, o dono do armazém apresenta a conta do “caderno”, onde tudo é anotado para pagamento na colheita e a economia das localidades sofrem em cadeia. 

Uma saída para superar as dificuldades é a busca do diálogo entre devedores e credores. O entendimento entre eles é fundamental, pois além dos danos financeiros e psicológicos, a frustração de safra pode levar a depressão e não raramente a tragédias.

Marco Medronha     mmedronha@hotmail.com